As catatuas-das-palmeiras tocam o seu próprio tambor



As catatuas-das-palmeiras da Austrália são bem conhecidas pelo seu gosto único por tocar tambor, mas não têm apenas um ritmo excelente – também têm o seu próprio sentido de estilo quando se trata de fabricar os seus instrumentos, revelou um novo estudo da Universidade Nacional Australiana (ANU).

Os machos das catatuas-das-palmeiras, o equivalente do reino animal a Ringo Starr ou Phil Collins, fabricam as suas próprias baquetas ou ferramentas de vagens de sementes e batem ritmicamente nas cavidades dos seus ninhos para atrair potenciais companheiras ou marcar o seu território. Cada macho tem o seu próprio padrão de percussão.

O novo estudo, liderado pelo Professor Rob Heinsohn da ANU, mostra pela primeira vez um outro lado artístico distinto das aves, com cada uma delas a ter a sua própria preferência pelo tipo de ferramenta, bem como a forma e o desenho das suas baquetas.

Cada macho faz o seu instrumento musical à sua maneira

“Isto é como a cereja no topo do bolo, porque mostra que cada macho faz o seu instrumento musical de uma forma diferente”, afirma Heinsohn.

“Já sabíamos que eles têm ritmos altamente personalizados quando tocam tambor, permitindo que outras aves reconheçam quem está a tocar tambor a uma grande distância. Agora sabemos que há também uma expressão altamente individualizada no fabrico do instrumento. Observá-los a cortar as suas ferramentas até obterem a forma pretendida é como ver um mestre escultor de madeira a trabalhar”, acrescenta.

A utilização de ferramentas entre os animais é rara por si só, mas segundo o Professor Heinsohn, o seu uso para uma exibição musical é quase inédito.

“As fêmeas observam cada movimento, enquanto os machos demonstram a sua imensa força do bico ao cortarem até 3 cm de madeira dura”, disse ele.

Embora a capacidade musical das grandes aves cinzentas esfumadas seja conhecida há muito tempo, o Heinsohn e a sua equipa são os primeiros a obter imagens e instrumentos de percussão suficientes para a analisar.

Para o efeito, “perseguiram pacientemente” as aves – conhecidas por serem tímidas e esquivas – através da floresta tropical com uma câmara de vídeo e recolheram os instrumentos descartados depois de os machos terem acabado de os utilizar.

A equipa descobriu que alguns machos preferem ferramentas de vagens de sementes, enquanto outros preferem fazer baquetas de tambor. Entre os fabricantes de baquetas, alguns gostavam de fazê-las longas e finas, enquanto outros tinham preferência por baquetas curtas e grossas.

“Cada uma das 13 catatuas-das-palmeiras macho tinha a sua própria preferência pelo tipo de ferramenta e pela forma e desenho das baquetas”, disse ainda Heinsohn, acrescentando que “foi esta individualidade que nos surpreendeu. Era como se cada uma delas tivesse a sua própria ideia do que seria a melhor baqueta”.

O estudo também demonstrou que os vizinhos não se copiam uns aos outros no que diz respeito ao design das baquetas, mas é mais provável que os machos estejam a ensinar o ofício aos seus filhos.

 





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