As renováveis, e não a captura de CO2, devem ser o centro do combate às alterações climáticas e poluição

Reforçar a aposta nas energias renováveis é muito mais barato para combater as alterações climáticas e reduzir a poluição do ar do que investir em tecnologias de captura de carbono.
Quem o diz é um grupo de investigadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América, que, num estudo publicado na revista ‘Environmental Science & Technology’, defendem que os países que obtiverem a sua energia inteiramente a partir de fontes renováveis (eólica, solar, geotérmica e hídrica) conseguirão reduzir as suas necessidades e custos energéticos, melhorar a qualidade do ar e ajudar a desacelerar as alterações climáticas por uma fração do custo da implementação de tecnologias de remoção de dióxido de carbono (CO2) do ar e de captura de emissões em chaminés industriais.
Mesmo que essas tecnologias sejam alimentadas por energias renováveis, os autores dizem que isso só aumentará a necessidade energética (é preciso energia renovável para essas tecnologias e para todas as outras necessidades energéticas), que acabará por ser suprida com recurso a combustíveis fósseis.
“Estamos a impedir que as renováveis substituam as fontes de combustíveis fósseis, porque estamos a criar mais procura por essas renováveis”, aponta, em comunicado, Mark Jacobson, primeiro autor do estudo e professor de engenharia civil e ambiental em Stanford.
A equipa estima que se os países eliminassem totalmente os combustíveis fósseis e a combustão de biomassa através das renováveis e ganhos em eficiência até 2050, conseguiriam reduzir as suas necessidades energéticas em mais de 54%.
“Quando colocamos turbinas eólicas para substituir uma central a carvão, estamos não só a eliminar o CO2, mas também a poluição gerada pelo carvão”, saliente Jacobson.
Os cientistas consideram que a massificação da eletrificação é também parte fulcral dos esforços para uma transição real para lá dos combustíveis fósseis, pois, por exemplo, bombas de calor e veículos elétricos são muito mais eficientes do que os seus contrapartes alimentados a energia fóssil.
Além disso, consideram que seria também poupada energia ao eliminar-se as necessidades energéticas para extração, transporte e refinação de petróleo, gás, carvão e urânio.
“Podemos ter a forma mais eficiente de remover CO2 do ar, mas isso não altera a eficiência da combustão. Estamos a manter inalterada essa infraestrutura energética ineficiente”, argumenta Jacobson, citado em nota, para quem “é muito mais barato e eficiente simplesmente substituir a fonte fóssil por eletricidade ou calor gerado por uma fonte renovável”.
“A única forma de eliminar da produção de energia todos os gases e partículas que poluem o ar e provocam o aquecimento climático é eliminar a combustão”, defendem os investigadores no artigo.