“As renováveis não foram a causa do apagão”, declara APREN

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) diz esta quarta-feira que a investigação levada a cabo pelas autoridades espanholas confirma que “as renováveis não foram a causa do apagão” do passado mês de abril.
“O apagão terá surgido de uma combinação de fatores, nos quais se inclui um erro de cálculo da Red Electrica de España (REE)”, informa a associação portuguesa numa declaração enviadas às redações, acrescentando que o evento “deve ser encarado como uma oportunidade de aprendizagem”.
Para a APREN, “é fundamental assegurar a soberania energética europeia, para que deixemos de depender energeticamente de países produtores de petróleo e gás natural que cartelizam o mercado e determinam o preço por controlo da oferta”. E salienta que “isto só pode ser alcançado com recurso a energia de fontes renováveis instaladas em território europeu”.
De forma a evitar novos apagões e para assegurar que a transição energética se desenvolver de forma segura, a associação defende “três eixos fundamentais de atuação”.
Um deles é o reforço das interligações elétricas entre a Península Ibérica e França, que diz ser “condição essencial para um sistema elétrico mais robusto e equilibrado”, capaz de responder a situações de crise na operação do sistema.
“Melhorar a conetividade entre países não só reduz riscos de não escoamento da produção elétrica (curtailment) como aumenta o nível de segurança de abastecimento, beneficiando ainda as condições de viabilidade económica e de ‘bancabilidade’ dos projetos de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis”, argumenta a APREN.
O segundo pilar passa pelo aumento da capacidade renovável europeia, em linha com os objetivos dos Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC 2030) dos vários países europeus, destacando como “indispensável” o reforço da redundância do sistema e garantir que as redes acompanham a expansão das renováveis em termos de capacidade e de dispersão geográfica.
O terceiro eixo prende-se com o “aumento de capacidade de receção de potência das redes elétricas e na modernização e digitalização da sua gestão e administração”, para que, dessa forma, sejam capazes de integrar volumes crescentes de produção renovável e responder, com os níveis de fiabilidade exigidos, a variações súbitas no consumo e na produção de eletricidade.
Além de tudo isso, a APREN apela a que seja feita “uma discussão pública com base em factos”.
“A desinformação que culpa a energia elétrica proveniente de fontes renováveis como a causa do apagão, tem de ser denunciada. A Europa não pode basear a sua prosperidade, competitividade e ação climática em suposições e rumores”, salienta a APREN.