Associação luta para salvar espécie de árvore que só existe em Cabo Verde



A Associação Projeto Biodiversidade, da ilha do Sal, conhecida pela sua ação de conservação de tartarugas marinhas, está a reservar parte dos recursos para uma missão especial: salvar uma palmeira tamareira que só existe em Cabo Verde.

A acácia, espécie bastante comum no território, “tem muito mais facilidade em encontrar água, pelo que compete fortemente com as tamareiras e outras plantas endémicas” por esse recurso, explicou à Lusa o biólogo Albert Taxonera.

Ou seja, “onde há acácia o resto das plantas desaparece”, acrescentou.

“O que estamos a fazer é controlar o perímetro florestal onde se encontram as duas espécies”, com “abate controlado das acácias que ficam mais perto das tamareiras – da espécie ‘Phoenix Atlantis’ – e depois temos um plano de rega, com água regenerada”, para cuidar desta espécie ameaçada, numa ilha onde tem havido “menos disponibilidade de água”.

A tamareira ‘Phoenix Atlantis’ ​​​​​​​está classificada como “em perigo” na lista da vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), ou seja, está a meio da escala entre a preservação e a ameaça de extinção.

Mesmo ao nível das acácias, há o cuidado de distinguir a acácia americana da acácia cabo-verdiana, sendo esta última uma espécie endémica e protegida.

Ao mesmo tempo, o projeto está a criar novas tamareiras num viveiro, para depois as plantar.

Albert Taxonera disse à Lusa que a espécie está “muito bem adaptada” a Cabo Verde.

Esse é um dos motivos das ações de proteção, para evitar que este tipo de palmeira desapareça, além da legítima proteção da biodiversidade, mesmo não tendo aproveitamento económico na ilha do Sal, como já tem na ilha da Boa Vista e nalgumas outras.

Uma das poucas utilizações que lhe é dada consiste em usar as folhas para alimentar cabras.

É ainda uma opção para decoração de espaços abertos e públicos (praças, jardins e canteiros) e é igualmente aproveitada para produção local de carvão.

“Nas áreas protegidas, fazemos levantamentos, ou seja, censos das diferentes espécies de plantas que temos. Fazemos um mapeamento global das espécies que encontramos, qual o seu estado, número da população e as que estão em perigo”, apontou.

Segundo a Associação Projeto Biodiversidade, a acácia americana, uma espécie arbórea que foi introduzida em massa após a independência para lutar contra a desertificação das ilhas, está a degradar os solos e a eliminar as plantas nativas e endémicas de muitos locais do arquipélago.

“O nosso trabalho está focado na pesquisa de espécies arbóreas” e naquelas que são mais importantes para “a recuperação de ecossistemas e dunas”, salientou.

No caso das árvores, a proteção recai na tamareira ‘Phoenix Atlantis’ e na acácia cabo-verdiana (espinheiro branco), diferente da acácia americana, explicou.

A Associação Projeto Biodiversidade, fundada em 2015, promove também a conservação de tartarugas e aves marinhas e desenvolve atividades de sensibilização ambiental.





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