Associação pede a Bruxelas avaliação dos impactos da estratégia do Prado ao Prato
A Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas (ANIPLA) pediu hoje à Comissão Europeia uma “avaliação holística” do impacto da estratégia do Prado ao Prato, vincando ser urgente ver propostas concretas e uma discussão alargada.
“É tempo de a Comissão Europeia proceder a uma avaliação holística do impacto. O prazo da estratégia do Prado ao Prato está a chegar. Oito anos para o setor agrícola não é assim tanto tempo. Precisamos urgentemente de ver propostas concretas e de uma discussão mais alargada em torno das escolhas que estamos a fazer – mas tem de se basear em melhores dados”, apontou, em comunicado, a associação.
No entanto, a ANIPLA ressalvou que os agentes da cadeia alimentar concordam, de forma geral, com os princípios da estratégia, estando ainda conscientes da necessidade de garantir a sustentabilidade dos sistemas alimentares.
A associação citou ainda, no documento, vários estudos, como do JRC (Joint Research Center), que prevê uma descida entre 40% e 60% nas emissões de gases com efeitos de estufa provenientes da agricultura portuguesa, através da aplicação das metas da estratégia, que vai conduzir a uma “externalização da produção agrícola europeia, incluindo as suas emissões para países terceiros”.
Por sua vez, o estudo da Universidade de Kiel aponta que a Europa pode vir a tornar-se um “importador contínuo” de alimentos, “em contradição” com a autonomia estratégica promovida pela Comissão Europeia.
Já a análise do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) conclui que os objetivos da estratégia podem “conduzir à insegurança alimentar de 22 milhões de pessoas”.
Conforme notou a ANIPLA, apesar das metodologias utilizadas, todos os estudos chegam às mesmas conclusões – a produção agrícola da União Europeia (UE) vai diminuir drasticamente em algumas áreas e produtos.
Por exemplo, no que se refere à pecuária, o estudo da universidade de Kiel perspetiva uma quebra de 20% na produção de carne de bovino na UE e de 17% no caso da carne de porco.
A isto somam-se impactos sobre o comércio, o rendimento dos agricultores e sobre os preços dos consumidores, pelo que “a alteração do sistema alimentar nestas condições será mais difícil e a imposição de impostos sobre o consumo, tal como proposto pelo Parlamento Europeu, poderá torná-lo socialmente injusto”.
No documento, a ANIPLA disse ainda que os intervenientes na cadeia agroalimentar estão “conscientes dos desafios ambientais e climáticos”, mostrando-se empenhados em contribuir para a mitigação dos efeitos negativos das alterações climáticas.
“Estamos tão ansiosos como a Comissão para pôr termo a este debate sobre a necessidade de proceder a uma avaliação cumulativa do impacto. Apelamos a uma avaliação exaustiva porque queremos compreender onde é que os problemas são suscetíveis de surgir, para que possam discutir potenciais soluções”, concluiu.
Constituída em 1992, a ANIPLA representa as empresas que investigam, desenvolvem, fabricam e comercializam produtos fitofarmacêuticos.
Em 2020, a Comissão Europeia apresentou a estratégia do Prado ao Prato, como uma das ações do Pacto Ecológico Europeu.
Esta estratégia visa assegurar alimentos a preços acessíveis, reduzir o desperdício e a utilização de pesticidas e fertilizantes, bem como promover o bem-estar dos animais.