Ativistas e líderes indígenas exigem ao G20 compromissos concretos com a Amazónia



Dezenas de ativistas e líderes indígenas exigiram ontem que os países do G20 assumam compromissos claros com a Amazónia, na véspera da cimeira de líderes do fórum, entre segunda-feira e terça-feira no Rio de Janeiro.

Com uma tarja em que se lia a frase “Líderes mundiais, a Amazónia está de olho”, os manifestantes pediram às maiores economias do planeta que contribuam para o equilíbrio climático para “manter a selva de pé”.

Os países do G20 são responsáveis por 85% do PIB global, mas também por quase 80% das emissões de gases com efeito de estufa, sendo os maiores poluidores do mundo.

Entre as exigências dos ativistas dirigidas aos chefes de estado do G20, está a manutenção do compromisso de compensar os países de baixo e médio rendimento pela preservação das florestas, através do Fundo para Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).

“Queremos que esse fundo saia do papel”, sublinhou Daniela Poubel, diretora do movimento “Amazónia de pé”, que promoveu o protesto.

Para a ambientalista, é preocupante que, enquanto o mundo assiste aos efeitos causados pelas inundações, secas e fenómenos climáticos extremos, se registem tão poucos progressos na agenda climática.

O protesto pretende também destacar o papel das comunidades indígenas que são as que mais salvaguardam a selva e não se sentem representadas nas agendas multilaterais.

Para Txai Suruí, jovem líder do povo Paiter-Suruí, o protesto de hoje é uma forma de pressionar para que sejam tomadas “ações efetivas”.

A maior floresta tropical do planeta abriga a maior bacia hidrográfica do mundo e um bioma com quase metade de toda a biodiversidade do planeta e onde vivem cerca de 50 milhões de pessoas, a maioria em situação precária.

A Amazónia enfrenta atualmente uma crise ambiental “sem precedentes”, segundo Daniela Poubel, devido à seca “intensa” que a atingiu nos últimos anos. “O que acontece no bioma afeta todo o planeta”, sublinhou.

Os líderes das principais economias reúnem-se a partir de segunda-feira no Brasil para a cimeira do G20, na qual vão discutir reformas das instituições internacionais, transição energética e adesão a uma aliança contra a fome.

As reuniões de segunda-feira e terça-feira no Rio de Janeiro serão presididas pelo chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, país que este ano assumiu a liderança do grupo das 20 maiores economias do mundo, que agregam cerca de dois terços da população mundial, 85% do PIB e 75% do comércio internacional.

Além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal – país convidado pelo Brasil -, que será representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Ao longo dos dois dias serão realizadas três reuniões que correspondem às três prioridades estabelecidas pela presidência brasileira: inclusão social e luta contra a fome e a pobreza, reforma da governação global e transição energética e desenvolvimento sustentável.





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