Atropelamentos ameaçam espécies raras
Estas estimativas sombrias também se aplicam a Portugal. A mesma equipa de investigação, liderada pela cientista portuguesa, acredita que cerca de quatro milhões de aves e mais de 450 mil mamíferos perdem a vida nas estradas nacionais.
Mas estes dados em bruto, apurados a partir de modelos matemáticos, não são suficientes para os investigadores. Agora é necessário perceber quais são as espécies mais afetadas por estas infraestruturas, que rasgam o continente, e qual o impacto que as taxas de atropelamento têm para a viabilidade das populações selvagens mais vulneráveis, como as aves de rapina e os morcegos.
É possível, todavia, criar algumas medidas de mitigação. Nas autoestradas, por exemplo, são construídas as chamadas passagens para fauna – que podem ser superiores ou inferiores, neste último caso servindo de ligação entre ribeiras ou como locais de escorrência de águas. Estas passagens podem ter diferentes dimensões ou, inclusive, possuir vedações e placas que encaminham a fauna para passagens seguras. Mas ainda são necessários mais estudos que comprovem a sua real eficácia.
As estradas não são a única infraestrutura cinzenta que têm forte impacto negativo na paisagem e na fauna. As barragens, os postes de alta tensão, os parques eólicos, todos contribuem para a fragmentação dos habitats. Podem cortar territórios, separar populações reprodutoras e, em último caso, aniquilar um número importante de espécimes. E, essa mortalidade com causas artificiais, pode reduzir drasticamente as áreas de distribuição e originar um aumento do risco de extinção.
Por Paulo Caetano