Atropelamentos ameaçam populações de pumas na Califórnia



Um estudo feito por investigadores do Road Ecology Center, da UC Davis, na Califórnia, revela que, pelo menos, um ou dois pumas (Puma concolor) morrem todas semanas nas autoestradas desse estado norte-americano vítimas de atropelamento. Por ano, pode chegar-se às 70 mortes.

Apesar de a investigação notar que o número de mortes por atropelamento caiu cerca de 10% nos últimos sete anos, os especialistas acautelam que tal pode não ser motivo para otimismo, pois a redução do número de vítimas mortais pode sugerir que a população de pumas na Califórnia está a “diminuir gradualmente”, o que faz com que os encontros entre carros e animais sejam ligeiramente menos frequentes.

A análise abrangeu apenas as mortes ocorridas nas autoestradas estaduais, pelo que os cientistas dizem que essa média de 70 vítimas mortais por ano “é uma subestimativa do verdadeiro total”, uma vez que estão confiantes de que esses grandes felídeos carnívoros estão também a ser mortos em estradas locais. Calcula-se que existam em liberdade entre 4.000 e 6.000 pumas (Puma concolor) no estado da Califórnia, e entre 20.000 e 40.000 em todos os EUA.

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), os pumas estão globalmente classificados com a categoria de ‘quase ameaçados’, embora a subespécie da Flórida (Puma concolor coryi) esteja ‘criticamente ameaçada’.

Puma morto por atropelamento em autoestrada na Califórnia, EUA.
Foto: P. Congdon / California
Roadkill Observation System

Através do estudo de relatórios de atropelamentos de pumas em todo o estado da Califórnia, os investigadores conseguiram identificar zonas em que a taxa de mortalidade é especialmente alta, como em algumas partes do sul do estado, em toda a região de Bay Area e nas imediações da Sierra Nevada.

Os autores defendem a instalação de medidas de mitigação que permitam reduzir as colisões entre os automóveis e os pumas, entre elas a instalação de redes ao longo das autoestradas e de ‘corredores ecológicos’ que permitam aos animais fazer travessias em segurança, seja por baixo ou por cima das rodovias.

E recordam que a Califórnia está a experienciar uma explosão de construções de diversas infraestruturas, tal como outros estados nos Estados Unidos, e que, por isso mesmo, é importante assegurar que as estradas e vias-rápidas, que estão em construção, em planeamento ou que está já finalizadas, não devem ser barreiras à mobilidade dos pumas e de outros animais selvagens entre núcleos populacionais.

Além disso, defendem também a redução dos limites de velocidade nas autoestradas estaduais que atravessem “habitats de animais selvagens protegidos”.

Estima-se que existam em liberdade entre 4.000 e 6.000 pumas (Puma concolor) no estado da Califórnia, e entre 20.000 e 40.000 em todos os EUA.

Fraser Shilling, do Road Ecology Center e um dos autores do relatório, afirma que se sabe que a mortalidade causada pelos atropelamentos é um fator adicional de pressão sobre as populações de pumas, já fortemente afetadas pela fragmentação do seu habitat natural.

A par dos atropelamentos, outra das principais causas de morte dos pumas é o abate por humanos, sobretudo se o animal tiver estado envolvido em ataques a gado. “As duas [causas] juntas são claramente más, especialmente para populações pequenas e isoladas”, aponta Shilling, acrescentando que “autoestradas muito movimentadas mantêm os pumas separados de potenciais parceiros, reduzindo drasticamente a sua diversidade genética e ameaçando a sua existência”.

E os investigadores receiam que a elevada taxa de mortalidade por atropelamento seja maior do que a capacidade que as populações de pumas têm para recuperar das perdas sofridas, lançando incerteza sobre o seu futuro na Califórnia e também noutras regiões dos EUA.





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