BE/Açores propõe medidas de proteção das culturas dos predadores
O BE/Açores avançou com uma proposta, com pedido de urgência, no parlamento regional, para que sejam criadas medidas de proteção de culturas das aves predadoras, anunciou segunda-feira o partido.
De acordo com uma nota de imprensa, O BE/Açores afirma que quer “travar imediatamente o abate da rola-de-colar, uma espécie protegida”, propondo a criação de “apoios aos produtores para a implementação de outras medidas de proteção das culturas”.
Em 14 de agosto, o executivo disse esperar ter operacional até ao final desse mês um plano de combate às pragas, alertando para um excesso de população de aves protegidas que estão a causar prejuízos aos agricultores.
“Nós não somos contra as aves protegidas. Queremos é que exista uma população em equilíbrio com aquilo que é a vivência económica de âmbito agrícola. Neste momento, há um excesso dessas aves protegidas. Estou a falar do melro-preto, do pombo-torcaz e da rola-turca”, afirmou, na altura, o secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural à agência Lusa.
Na semana passada, e depois destas declarações, foi viabilizado um despacho do Governo Regional que autoriza o abate de aves, visando salvaguardar as culturas.
Segundo o BE/Açores, o Governo Regional “alega que a rola-de-colar é responsável pela destruição de culturas, mas um estudo científico, encomendado por um governo anterior, demonstra o contrário”.
O Bloco refere que “um estudo do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), da Universidade do Porto, realizado durante dois anos com recurso a câmaras de filmar, não registou uma única rola-de-colar a alimentar-se de uvas”, sendo as lagartixas e os ratos as espécies “com maior impacto negativo na produção vitivinícola”.
Aquela força política propõe a “revogação imediata do despacho que autoriza o abate indiscriminado desta ave protegida” e avança com a “criação de apoios aos produtores agrícolas para a implementação de medidas que protejam as culturas dos animais predadores”.
O Bloco “defende também que os produtores afetados por estragos nas culturas comprovadamente causados por espécies selvagens protegidas sejam indemnizados por estas perdas”.
A recomendação propõe que “sejam aprofundados os estudos relativos à ecologia e às populações das espécies da avifauna dos Açores, incluindo a sua relação com as diversas culturas agrícolas da região”.
O Bloco mostra preocupação também com a “imagem negativa para o setor do vinho, que, com esta medida do governo, vai passar a estar associada ao abate de aves protegidas”.