Brasil antecipa cimeira de líderes na COP para atenuar pressão hoteleira

A cimeira de líderes da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30), na cidade amazónica de Belém, foi antecipada para 06 e 07 de novembro para atenuar a pressão hoteleira, anunciou ontem o Governo brasileiro.
“A cúpula faz parte da COP, e a antecipação é uma decisão do Brasil. Isso nos dá tempo para uma reflexão mais aprofundada, sem a pressão da rede hoteleira ou da cidade, além de ajudar a organizar melhor a abertura oficial do evento”, disse o secretário extraordinário para a COP 30, Valter Correia.
A restante conferência, como programado, acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro.
“O Governo federal, em conjunto com os governos do Pará e Belém, trabalha para garantir infraestrutura e acomodações adequadas aos participantes durante os onze dias de evento”, reforçaram as autoridades brasileiras, em comunicado.
Espera-se que 50 mil pessoas participem na COP30, mas a capacidade hoteleira atual é de cerca de 20 mil camas, pelo que o Governo brasileiro está a planear construir novos hotéis, adaptar escolas, fechar acordos com a Airbnb e até atracar dois grandes navios de cruzeiro num porto perto da cidade.
O Presidente do Brasil já reconheceu falta de hotéis em Belém, que acolhe a COP de 10 a 21 de novembro de 2025.
Entretanto, os preços dos apartamentos e dos quartos de hotel subiram para níveis exorbitantes em Belém.
O Brasil preside este ano à COP30, num momento crucial para garantir medidas concretas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus celsius acima dos níveis pré-industriais, estabelecido no Acordo de Paris em 2015.
O acordo prevê uma série de metas para a redução de emissões de gases com efeito de estufa, cuja implementação tem sofrido atrasos e resistências, ao mesmo tempo que o aquecimento global avança. Em janeiro, o centro europeu Copernicus informou que o ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a ultrapassar a marca de 1,5 graus celsius de aumento na temperatura média da Terra face aos níveis pré-industriais.
A COP30 no Brasil terá de resolver questões relativas ao financiamento aos países em desenvolvimento que ainda estão pendentes e que, segundo especialistas de todo o mundo, se tornarão mais difíceis já que o atual Presidente norte-americano retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris num dos primeiros atos administrativos que assinou depois da posse, como já havia feito em 2017, durante o seu primeiro mandato.
No fim da 14.ª Cimeira Luso-Brasileira, no Palácio do Planalto, em Brasília, em fevereiro, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, aceitou o convite feito pelo chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, para COP30.
Luís Montenegro recordou que o grupo Vila Galé, “tem precisamente a pretensão de inaugurar a sua 11.ª unidade turística em Belém do Pará, na COP30”.
“Vamos ver se não terá no primeiro-ministro português um dos seus primeiros clientes. Logo veremos. Eu cá estarei. Agora depende da capacidade da unidade estar pronta a tempo e a horas”, acrescentou, um mês antes da queda do seu Governo.