Brasil perdeu 2,2% da sua superfície de água em 2024

O Brasil perdeu 2,2% da sua superfície de água no ano passado em comparação a 2023, mantendo assim uma tendência de redução iniciada em 2009, segundo um estudo divulgado hoje pela rede MapBiomas.
De acordo com imagens de satélites obtidas pela organização, em 2024 cerca de 17,9 milhões de hectares do território brasileiro eram cobertos por água, 2,2% menor do que os 18,3 milhões de hectares registados em 2023.
Os dados coletados no ano passado mostram que algumas áreas de superfície hídrica ficaram 4% abaixo da média da série histórica do MapBiomas, iniciada em 1985 (18,5 milhões de hectares).
A perda de superfície hídrica acelerou na última década, quando o país sul-americano registou oito dos dez anos mais secos da história.
“A dinâmica de ocupação e uso da terra no Brasil, junto com eventos climáticos extremos, causada pelo aquecimento global, está deixando o Brasil mais seco”, explicou Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.
“Esses dados servem como um alerta sobre a necessidade de estratégias adaptativas de gestão hídrica e políticas públicas que revertam essa tendência”, referiu.
No ano passado, o Pantanal foi o bioma brasileiro que mais perdeu superfície de água em relação à média histórica (61%).
“Desde a última cheia em 2018, tem enfrentado o aumento de períodos de seca e, em 2024, a seca extrema aumentou a incidência e propagação de incêndios”, realçou Eduardo Rosa, do MapBiomas Água.
Já a Amazónia, que detém mais da metade da superfície de água do país (61%), sofreu uma seca extrema no ano passado, que levou a uma queda de 3,6% da sua extensão de água na superfície face à extensão média na série histórica.
De acordo com o Mapbiomas, a perda de superfície de água na Amazónia em 2024 foi de 4,5 milhões de hectares em relação a 2022, que foi o último ano de ganho de superfície no país.
Já os biomas brasileiros da Caatinga (localizado no nordeste), Cerrado (centro-oeste) e Mata Atlântica (litoral do Brasil), por sua vez, estiveram acima da média de superfície de água: 6%, 11% e 5%, respetivamente.