Brasil regista queda de 8% na emissão de gases do efeito de estufa



O Brasil registou uma queda de 8% nas emissões brutas de gases de efeito estufa em 2022 na comparação com 2021, segundo informações divulgadas ontem num relatório da organização não-governamental Observatório do Clima.

A queda foi puxada pela redução da taxa de desflorestamento na Amazónia no ano passado e por chuvas abundantes que causaram uma redução recorde no acionamento de termelétricas fósseis. Com isso, o país sai de 2,5 mil milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2021 para 2,3 em 2022.

O relatório, que tem novos dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima também informa que considerando as emissões líquidas (que levam em conta as remoções de carbono por florestas secundárias, unidades de conservação e terras indígenas), a queda é de 11%, de 1,9 para 1,7 toneladas de CO2 equivalente no mesmo período.

A organização destaca também que apenas o cumprimento da promessa do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de acabar com a desflorestação em todos os biomas até 2030 daria ao Brasil a hipótese de ter “uma meta de corte de emissões quase duas vezes mais ambiciosa que a atual”.

A ONG avaliou que as perspetivas de cumprimento das metas de emissões que o país sul-americano se comprometeu na agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, com base no histórico de emissões de 1990 a 2022, e concluiu que ambas estão ao alcance.

“A meta de 2025 seria atingida com uma redução de 33% na taxa de desflorestação na Amazónia nos próximos dois anos – num cenário conservador, no qual as emissões dos outros setores permanecem aproximadamente constantes; e a de 2030 poderia ser excedida em muito, caso o Governo cumpra a promessa” de acabar com a desflorestação, aponta-se no documento.

Neste caso, as emissões líquidas de gases do efeito estufa em 2030 seriam de 685 milhões de toneladas, um número 43% menor do que a meta atual, de 1,2 mil milhões de toneladas, segundo o mesmo documento.

“O que os dados mostram é que há muito espaço para aumento da ambição climática do Brasil”, disse David Tsai, coordenador SEEG do Observatório do Clima, referindo que se o Governo quiser cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima da média pré-industrial, “terá de aumentar a ambição da NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada do Governo brasileiro] atual já para 2030, como todos os grandes emissores precisam de fazer”.





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