Carros mais escuros contribuem para aumentar calor nas cidades



Todos os dias, centenas de milhares de carros circulam pela cidade de Lisboa, bem como por outros grandes centros urbanos. Além de ser uma dor de cabeça para quem tem de enfrentar longas filas de trânsito diariamente, os veículos podem também contribuir para o aumento da temperatura.

Uma investigação liderada pelo Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT), da Universidade de Lisboa, revela que os carros com pinturas escuras refletem apenas 5% a 10% da radiação solar, ao passo que os mais claros podem refletir até 85%.

Num artigo publicado recentemente na revista ‘City and Environment Interactions’, os cientistas, também do Laboratório Associado TERRA, da University College Dublin (Irlanda) e da Universidade de São Paulo (Brasil), testaram dois carros – um branco e outro preto – estacionados na capital durante várias horas, exposto ao sol e a uma temperatura estival de 36 graus Celsius.

O mais escuro aumentava a temperatura do ar circundante até 3,8 graus, enquanto os efeitos do mais claro na temperatura ambiente eram muito menores. Como tal, e dado que se estima que cerca de 10% das estradas e vias de Lisboa estejam ocupadas com carros estacionados durante quase todo o dia, os cientistas dizem que quanto maior for a prevalência de carros escuros, maior será o efeito de “ilha de calor urbana”.

Com base nos resultados obtidos, concluem que os materiais e cores dos carros funcionam como “volumes térmicos ativos”, tal como os edifícios, influenciando o microclima urbano e o conforto térmico dos peões.

“De uma perspetiva do planeamento urbano, poderá ser importante considerar restrições de parqueamento com base na cor em zonas termicamente sensíveis, como proibir carros com pinturas escuras nas áreas mais quentes ou incentivar o uso de coberturas refletoras”, escrevem os investigadores no artigo.

Além disso, sugerem também que a colocação de coberturas em parques de estacionamentos abertos poderá ajudar a mitigar a exposição ao calor, bem como a plantação de árvores e o reforço das infraestruturas verdes (como telhados e fachadas de edifícios com vegetação) para aumentar a evapotranspiração, a sombra e a ventilação nas cidades e sobretudo nas áreas mais quentes.






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