Cazaquistão vai transferir 1.500 saigas para a China após 75 anos de extinção local

O governo do Cazaquistão vai doar 1.500 saigas (Saiga tatarica), uma espécie de antílope das estepes euroasiáticas e adaptada a ambientes áridos, à China, num esforço para recuperar a população nesse país asiático.
🌿🇰🇿🇨🇳 #Kazakhstan — home to 98% of the world’s #saiga antelopes — will transfer 1,500 saigas to #China to support the restoration of native wildlife in western China. This historic initiative was announced in Astana on 16 June during the high-level talks between President… pic.twitter.com/c0PObENtwb
— Press Office of the President of Kazakhstan (@aqorda_press) June 17, 2025
Estima-se que os últimos saigas tenham desaparecido do território chinês algures em meados do século XX, devido à caça excessiva, à fragmentação e perda de habitat e ao bloqueio de rotas migratórias. Desde a década de 1980 que a China tem tentado reintroduzir saigas na Natureza, mas sem sucesso, especialmente devido à pouca variabilidade genética da população chinesa em cativeiro, a doenças e a condições ambientais adversas.
Num encontro entre os presidentes Tokayev e Xi Jinping, a 16 de junho, na capital cazaque de Astana, os dois países acordarem em estabelecer uma nova linha de cooperação bilateral para recuperar os saigas na China, que o governo do Cazaquistão descreve como uma “iniciativa histórica” e como “um novo capítulo de cooperação ambiental regional e de parceria estratégica”.
De acordo com a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza, o saiga está “Quase ameaçado” de extinção, com uma tendência populacional global positiva. Estimativas apontam para entre 922.600 e 988.500 indivíduos no Cazaquistão, na Mongólia, na Rússia e no Uzbequistão.
Os saigas são considerados dos mamíferos mais antigos e o seu aspeto ancestral torna-os ícones da fauna euroasiática. Os machos têm chifres anelados e ambos os sexos têm focinhos alongados e flexíveis, semelhantes a trombas, ou probóscides. Pensa-se que os saigas terão vivido lado a lado com grandes animais da Idade do Gelo, há milhares de anos, com mamutes-lanudos e tigres-de-dentes-de-sabre.
Além das pressões humanas, a espécie é também altamente suscetível a doenças, como a febre aftosa e a brucelose. Em 2015, mais de 200 mil saigas morreram em apenas três semanas na região central do Cazaquistão, devido a septicémia hemorrágica provocada por uma bactéria.
Contudo, as populações da espécie têm recuperado na última década nesse país, que alberga cerca de 98% da população mundial de saigas, especialmente devido ao reforço do combate à caça-furtiva.