Cientistas descobrem como esta salamandra consegue trepar árvores

A salamandra da espécie Aneides vagrans é conhecida por viver grande parte da sua vida no topo das árvores, deslocando-se com aparente facilidade pelos troncos e ramos, sem pisar em falso.
Para isso, estes anfíbios têm de ter um corpo especialmente adaptado a um estilo de vida predominantemente arborícola. Estudos anteriores já tinham revelado que esta salamandra é capaz de saltar de ramo em ramo e que, vivendo no dossel de florestas de sequoias, é até capaz de planar e manobrar no ar, para evitar quedas perigosas.
Agora, uma nova investigação revela uma outra capacidade, até então desconhecida, que faz com que estas salamandras sejam escaladoras exímias.
Num artigo publicado na revista ‘Journal of Morphology’, um grupo de cientistas dos Estados Unidos da América diz que a A. vagrans é capaz de controlar o fluxo sanguíneo para a ponta de cada um dos seus dedos. Os autores acreditam que essa capacidade permite otimizar a aderência do animal a superfícies rugosas, como troncos, bem como facilitar o desprendimento quando a salamandra está em movimento.
De acordo com as observações, a salamandra enche a ponta dos seus dedos, praticamente transparentes, com sangue quando se quer libertar da superfície, e diminui o fluxo quando quer aumentar a aderência. Com 18 dedos no total, os investigadores acreditam que esse mecanismo permite à salamandra despegar-se de superfícies rugosas sem danificar as pontas dos dedos e sem gastar muita energia.
E a descoberta pode ir além da A. vagrans, uma vez que, segundo explicam os autores, estruturas vasculares semelhantes foram já identificadas noutras espécies de salamandras, pelo que essa capacidade ser mais comum do que se pensa. Mas, para saber isso, é preciso mais trabalho de investigação, e os cientistas vão agora estudar um mais amplo leque de espécies de salamandras para perceber se também elas têm essa capacidade.
“Isto pode redefinir o nosso conhecimento sobre como as salamandras se movem em diversos habitats”, declara, citado em comunicado, Christian Brown, da Universidade Estadual de Washington e primeiro autor do artigo.