Cientistas descobrem nova espécie de “micro-caracol” de batizam-no com o nome de Picasso

Uma equipa internacional de especialistas em moluscos descreveu 46 novas espécies de pequenos caracóis que vivem no Camboja, em Myanmar, no Laos, na Tailândia e no Vietname e, até então, eram desconhecidos da Ciência.
Entre a grande diversidade de espécies, os cientistas ficaram particularmente surpreendidos por uma. A sua concha cuja espiral parece fazer ângulos retos parece, dizem, ter sido “pintada num estilo de Pablo Picasso”, lembrando os traços cubistas, razão pela qual a espécie foi batizada com o nome científico Anauchen picasso.
Descoberto no Parque Nacional Khao Sam Roi Yot, na costa tailandesa banhada pelas águas marinhas do Golfo da Tailândia, a sua concha tem entre 2,63 e 2,82 milímetros de diâmetro e quase três milímetros de altura. A abertura, por onde espreita o pequeno animal invertebrado, tem um diâmetro de cerca de 1,3 milímetros e a sua forma faz lembrar a campana de um trompete.

Foto: Gojšina et al., 2025
Devido às suas dimensões diminutas, este caracol, e outros como ele, é o que os malacólogos, especialistas em moluscos, designam por “micro-caracol”.
A descoberta foi divulgada num artigo publicado recentemente na revista ‘ZooKeys’, que, além do A. picasso, descreve mais 45 novas espécies de pequenos caracóis.
“Embora os tamanhos das conchas destes caracóis sejam inferiores a cinco milímetros, são verdadeiras belezas”, dizem os investigadores em nota, apontando que as conchas revelam “uma complexidade extraordinária”.
Vários dos caracóis agora descritos têm aberturas com “dentes”, estruturas que os investigadores acreditam serem defesas contra predadores que queiram arrancar os moluscos das suas casas. Além disso, várias das novas espécies têm aberturas que apontam para cima, o que leva os leva a crer alguns os caracóis carregam as suas conchas “de cabeça para baixo”.

Foto: Gojšina et al., 2025
Embora algumas das novas espécies tenham sido recolhidas recentemente na Natureza, várias outras estavam armazenadas na coleção do Museu de História Natural da Flórida, nos Estados Unidos da América, tendo sido capturados na década de 1980. Assim, os cientistas acreditam que é muito provável que os habitats de alguns dos caracóis colhidos nessa altura tenham sido já destruídos por deflorestação e exploração mineira, que dizem ser as principais ameaças aos caracóis terrestres endémicos do sudeste asiático.