Cientistas descobrem que há 75 milhões de anos ocorreram incêndios na Antártida
Há 75 milhões de anos ocorreram incêndios florestais na Antártida, que afetaram diretamente as comunidades de plantas, descobriu uma equipa de cientistas. O estudo, desenvolvido por uma equipa de investigadores brasileiros em parceria com o Instituto de Investigação Senckenberg, na Alemanha, foi agora publicado na revista Polar Research.
Durante uma expedição na Ilha James Ross, entre 2015 e 2016, o grupo encontrou fósseis de fragmentos de plantas com características de carvão na Formação Santa Marta. Tratava-se de uma planta da família Araucariaceae, que pertence ao grupo das gimnospermas.
“Os dados inéditos apresentados no estudo reforçam que as florestas, que ocupavam o que hoje se conhece como Península Antártica, também foram afetadas por incêndios ao longo do Campaniano, o que amplia o alcance paleográfico desses eventos e ajuda a esclarecer o seu impacto na paleobiodiversidade”, explica André Jasper, professor da Universidade do Vale do Taquari.
Os incêndios ocorreram durante o período Cretáceo Superior, época em que se registaram várias ocorrências em todo o mundo, que tiveram uma grande influência na biodiversidade. O estudo traz também novas evidências de que a Antártida era ‘verde’, coberta por florestas, e sugere que existia um clima mais quente na região.
“Esta descoberta mostra que as variações climáticas ocorridas ao longo do tempo trazem mudanças profundas para o planeta e também para toda a biota. Isto cria um alerta importante para as alterações climáticas que estão atualmente em evidência. A dinâmica paleoflorística da Antártida é essencial para a compreensão das mudanças que ocorreram nos ambientes de alta latitude do hemisfério sul durante o Cretáceo. Afinal, nessa região também é possível observar uma exuberante vegetação dominada por coníferas (gimnospermas) que foram gradualmente substituídas por um conjunto dominado angiospermas (plantas com flores e frutos).”, refere Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional / UFRJ.
O estudo foi desenvolvido por uma equipa de especialistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Museu Nacional/UFRJ, Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES), Universdade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (CENPALEO) e Universidade Regional do Cariri (URCA).