Cientistas dizem não existir “desastres naturais”



Num artigo publicado na Nature, um grupo de cientistas alega que não existem “desastres naturais”, mas sim desastres que resultam do papel do homem na sociedade e nos ecossistemas.

Perigos como as cheias, as ondas de calor e as secas, são mencionados como um desastre e como um acontecimento natural, que resulta da natureza e do clima, no entanto, para os especialistas Emmanuel Raju, Emily Boyd e Friederike Otto, essa não é a realidade.  Em primeiro lugar, está o facto da sua intensidade e probabilidade terem aumentado devido à ação humana, com as alterações climáticas. Em segundo lugar, são vistos como desastres devido à vulnerabilidade humana, que muitas vezes é construída pelas estruturas sociais e políticas. É exemplo disso a má gestão de urbanização, infraestruturas inadequadas ou a questão da marginalização. Fatores como estes têm um impacto direto na exposição ao risco de desastres.

“Culpar a natureza ou o clima pelos desastres desvia a responsabilidade. É em grande parte a influência humana que produz vulnerabilidade. Apontar o dedo para causas naturais cria uma narrativa de crise politicamente conveniente que é usada para justificar leis e políticas reativas de desastres. Por exemplo, é mais fácil para os governos municipais culpar a natureza em vez de abordar a vulnerabilidade social e física causada pelo homem”, explicam os autores na publicação.

Para que haja uma mudança, é necessário mudar esta perspetiva, sugerem. A avaliação dos perigos a uma escala temporal e espacial, e de locais que estejam a ser impactados pelas alterações climáticas, são soluções úteis para a resolução do problema. “Devemos reconhecer os componentes humanos de vulnerabilidade e perigo e enfatizar a ação humana para reduzir proativamente os impactos dos desastres.”





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