Cientistas do Museu Americano de História Natural descrevem nova espécie de lóris



Os lóris são um grupo de pequenos primatas de hábitos noturnos e que são facilmente identificáveis pelos seus grandes olhos, essenciais para verem no escuro. Atualmente, são reconhecidos dois géneros de lóris, os Nycticebus e os Xanthonycticebus, sendo que esse último contém apenas uma espécie, ou assim se pensava.

Uma equipa de investigadores de vários países descobriu agora que, afinal, o género Xanthonycticebus tem mais uma espécie, o X. intermedius. De recordar que, em 2022, foi criado o género Xanthonycticebus, para incluir espécies que diferiam dos lóris do género Nycticebus.

Já em 1960, o primatólogo Dao Van Tien, do Vietname, tinha defendido que existia uma segunda espécie de lóris Xanthonycticebus (na altura era conhecido como Nycticebus), mas a sua tese acabou por ser descartada pela comunidade científica, uma vez que a tecnologia de análise genética nesses tempos ainda não permitia confirmar, com certeza, que se tratavam de espécies distintas. Mas agora a história é outra.

Através da análise de amostras de ADN de um espécime recolhido por Dao Van Tien e comparando-o com o de outros exemplares de museus, a equipa conseguiu, por fim, determinar que o lóris descrito nos anos 60 era, de facto, uma espécie distinta pertencente ao género Xanthonycticebus. Por fim, o primatólogo vietnamita recebeu o crédito que lhe foi negado há mais de seis décadas.

A nova espécie, dizem os cientistas, ocorre sobretudo no norte do Vietname, no Laos e na China, ao passo que a espécie que já se conhecia desse género (Xanthonycticebus pygmaeus) tende a habitar o sul do Vietname e o Camboja.

Lóris da espécie Xanthonycticebus pygmaeus, que durante muitos anos se pensou ser a única espécie desse género, habita o sul do Vietname e o Camboja.
Foto: Hoang Thach (coautor do artigo) / Museu Americano de História Natural

Os autores do artigo publicado recentemente na revista ‘Genes’ sugerem que as duas espécies de Xanthonycticebus, com crânios e mandíbulas diferentes entre si, terão divergido uma da outra há mais de um milhão de anos e ocupado nichos ecológicos em áreas geográficas distintas.

E assinalam a importância que os espécimes em museus têm na investigação de novas espécies, uma vez que o animal que serviu de base a esta descoberta estava preservado no Museu Zoológico de Hanói, no Vietname, onde Dao Van Tien trabalhava.

Os cientistas acreditam que este trabalho será importante para os esforços de conservação dos lóris, um grupo ainda muito pouco estudado, em particular no Vietname e que será também uma peça fulcral para os programas de reprodução em cativeiro desses pequenos primatas.





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