Cigarras sincronizam “cantorias” matinais com um ângulo específico do sol e com sons dos vizinhos

Quando o sol se encontra precisamente a 3,8 graus abaixo do horizonte, as cigarras dão início às suas ruidosas “cantorias” diárias, reforçando a importância da influência da luz nas vidas desses insetos.
A descoberta foi feita por um grupo de cientistas do Reino Unido, Índia e Israel, através de gravações captadas ao longo de várias semanas perto da cidade indiana de Bangalore.
Que as cigarras respondem à luz solar e a alterações sazonais da luminosidade não é novidade, mas o que o estudo publicado na revista ‘Physical Review E’ vem mostrar é a precisão com que esses insetos alinham o início dos seus coros com uma intensidade específica de luz.
Os cientistas descobriram também que o crescendo das “cantorias” demora apenas cerca de 60 segundos, após o que a intensidade dos sons se mantém constante. Todos os dias, segundo os dados recolhidos, o ponto intermédio desse crescendo acontece praticamente sempre quando o sol está a um certo ângulo em relação ao horizonte. Isso acontece independentemente da hora para a qual está definido o nascer do sol.
Mas a luz não é tudo. De acordo com a investigação, as cigarras individuais têm em conta o que os vizinhos estão a fazer para decidirem quando começar a cantar. É algo semelhante a quando, numa plateia, as pessoas começam a aplaudir porque ouvem os outros a fazê-lo. É assim que surge um coro por vezes ensurdecedor de “vozes” de cigarras.
“Este tipo de tomada de decisão coletiva mostra como interações locais entre indivíduos pode produzir um comportamento de grupo surpreendentemente coordenado”, diz, em comunicado, Nir Gov, do Instituto Weizmann da Ciência (Israel) e coautor do estudo.
Por sua vez, Raymond Goldstein, da Universidade de Cambridge e que também assina o trabalho, refere que “ainda há muito para aprender, mas este estudo fornece perspetivas importantes sobre como os grupos tomam decisões com base em sinais ambientais partilhados”.