Comer menos de três peças de fruta por dia tira anos de vida aos portugueses



Os portugueses, no conjunto, terão perdido 141 mil anos de vida saudável só em 2010 por não terem incluído, pelo menos, três peças de fruta nas refeições diárias, revela o relatório “A Saúde dos Portugueses. Perspetiva 2015“, divulgado pela Direcção-Geral da Saúde e citado pelo Público e pelo agregador O Meu Bem Estar.

A falha contribuiu para o aparecimento de doenças cardiovasculares e oncológicas, e até de mortes prematuras. No documento, os especialistas referem que, “comprovadamente, a alimentação influencia o estado de saúde.”

Além da falta de fruta, em Portugal peca-se pela “insuficiente ingestão de hortícolas, de frutos secos e de sementes”. Ao invés, há abuso no consumo de sal – “calcula-se que a ingestão diária (10,7 gramas) seja praticamente o dobro da recomendação da Organização Mundial da Saúde” – , de carne processada, de açucares e de gorduras trans (processadas a nível industrial).

A mudança de hábitos será suficiente para alterar o prognóstico sobre o tempo de vida com saúde, mas não só. Perto de 25% das mortes prematuras, antes dos 70 anos, podem igualmente ser evitadas com mudanças no estilo de vida. O cancro é a principal causa de morte na população entre os 30 e os 70 anos (41% em 2013), com destaque para os tumores malignos da traqueia, brônquicos e pulmão. Seguem-se as doenças do aparelho circulatório (16%), nomeadamente cerebrovasculares e doenças isquémicas do coração. Ou seja, precisamente o inverso do que se verifica na mortalidade geral.

Os dados disponíveis mais recentes, de 2013, continuam a destacar as doenças do aparelho circulatório (30%) como a principal causa de morte em Portugal e só depois os tumores malignos (24%). Mama, próstata, cólon, pulmão e estômago são os cancros mais frequentes, representando 51,3% do total de neoplasias malignas registadas.

O retrato do estado de saúde da população em Portugal mostra ainda que os maus hábitos começam cedo na vida. No relatório, são exibidos “dados preocupantes sobre o consumo de substâncias psicoativas ilegais, álcool e tabaco”. Nos jovens com 14 ou mais anos, 76% já tinha experimentado drogas, 82% ficado embriagado, 45% consumido álcool e 51% tinha fumado.

“Todas as categorias impressionam pelas altas percentagens do consumo daquelas substâncias que representam riscos para a saúde”, notam os peritos. Pior, no caso do tabaco ”os dados recolhidos em 2014 entre alunos que frequentavam o ensino secundário e universitário apontam para uma tendência de aumento do consumo e em particular para o consumo diário com o avanço da idade”.

A saúde mental também merece nota negativa. O país tem a terceira prevalência mais elevada (23%) de perturbações do foro psiquiátrico, superado apenas pelos EUA e pela Irlanda. É, no entanto, “o país com o valor mais expressivo de perturbações de ansiedade (17%) à custa, sobretudo, de fobias sociais e fobias específicas”.

Foto: Ian D. Keating / Creative Commons





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