Comissão Europeia espera ter Banco Europeu de Hidrogénio a funcionar em 2023



A Comissão Europeia indicou hoje esperar ter em funcionamento, em 2023, o novo Banco Europeu de Hidrogénio, com financiamento necessário inicial de três mil milhões de euros para cobrir o risco da compra e venda de hidrogénio ‘verde’.

A informação foi hoje avançada à agência Lusa por fonte oficial do executivo comunitário, que indica que “o Banco Europeu de Hidrogénio, anunciado pela presidente Ursula von der Leyen durante o seu discurso sobre o Estado da União, será mais um instrumento para mover a economia do hidrogénio de um nicho para outra escala, além do quadro regulamentar proposto – o trabalho sobre infraestruturas de hidrogénio no âmbito Redes Transeuropeias de Energia e da Parceria para o Hidrogénio Limpo”.

Um dia depois de Bruxelas ter aprovado um projeto de 5,2 mil milhões de euros no hidrogénio que inclui Portugal e 12 outros países, o executivo comunitário – que tem vindo a defender uma aposta neste tipo de mercado mais sustentável –, refere à Lusa que se “espera que a iniciativa se desenvolva no próximo ano”.

Como existe pouco hidrogénio ‘verde’ produzido ou consumido na UE, a instituição aponta que este novo banco europeu “terá como objetivo reduzir o risco tanto para os produtores como para os consumidores de hidrogénio renovável, cobrindo a diferença de custos remanescente entre a produção e o consumo”.

“A ideia é que a UE aceitaria e cobriria o risco da compra e venda de hidrogénio renovável”, salienta a fonte oficial da Comissão Europeia, referindo que a verba avançada, de três mil milhões de euros, “é uma primeira estimativa do financiamento necessário”.

Os recursos financeiros serão provenientes do Fundo de Inovação – o principal instrumento financeiro na UE para atingir os compromissos no âmbito do Acordo de Paris e do Pacto Ecológico Europeu, para alcançar a neutralidade climática até 2050 – e de outras fontes.

“Demasiadas indústrias hesitam em dar o salto para as tecnologias do hidrogénio porque não sabem se o hidrogénio renovável estará disponível nas quantidades necessárias e no tempo certo. E demasiados projetos para a produção de hidrogénio renovável estão à espera de um sinal claro de procura”, contextualiza a Comissão Europeia, na resposta à Lusa.

No pacote energético REPowerEU, divulgado em maio passado, Bruxelas propôs medidas para aumentar o recurso ao hidrogénio ‘verde’ na UE, estabelecendo objetivos de produção interna de 10 milhões de toneladas e de importações de 10 milhões de toneladas, isto até 2030.

Atualmente, o hidrogénio representa cerca de 2% do cabaz energético da UE e praticamente todo o existente (95%) é produzido por combustíveis fósseis, que libertam anualmente entre 70 a 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2).

O hidrogénio ‘verde’, por seu lado, é proveniente de fontes renováveis, pelo que não emite CO2 e liberta quantidades diminutas de poluentes atmosféricos.

Pode ser utilizado como matéria-prima, combustível e vetor de transporte ou armazenamento de energia e aplicado nos setores da indústria, dos transportes, da energia e dos edifícios.

Há uma semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a criação de um “novo banco europeu” para fomentar iniciativas de hidrogénio na UE, orçado em três mil milhões de euros, visando “preencher uma lacuna de investimento e corresponder à oferta e procura para o futuro”.

Intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, a líder do executivo comunitário argumentou que “o hidrogénio pode mudar completamente a inovação na Europa”, razão pela qual é necessário “passar de um mercado de nicho para um mercado de massas para o hidrogénio”.

Já esta semana, na quarta-feira, o executivo comunitário aprovou um projeto de 5,2 mil milhões de euros para construção de infraestruturas para o hidrogénio ou para a sua integração em processos industriais, envolvendo Portugal e outros 12 países da UE.

No caso de Portugal, está em causa a construção de infraestruturas para o hidrogénio, que ficará a cargo do grupo português no setor da indústria química Bondalti, de acordo com Bruxelas.





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