Comissão Europeia lança nova “visão” para agricultura mas ambientalistas criticam falhas

A Comissão Europeia (CE) apresentou esta terça-feira a sua “Visão para a Agricultura e Alimentação”, um plano que pretende tornar o sistema de produção alimentar mais atrativo, resiliente e sustentável.
Em comunicado, o executivo europeu aponta que no final deste ano a CE irá propor a simplificação do atual quadro legislativo comunitário relativo à agricultura no bloco regional, incluindo a Política Agrícola Comum, e uma estratégia para promover as tecnologias digitais no setor.
As prioridades da nova visão são atrair mais jovens para a agricultura, designadamente através de apoios públicos e salários mais competitivos, tornar o setor mais resiliente às pressões causadas por mercados externos e trazer uma maior coerência aos padrões de qualidade exigidos tanto interna como externamente, alinhar a agricultura com os objetivos da ação climática e ambiental e da descarbonização, e dinamizar as zonas rurais.
“Os nossos agricultores estão no centro do sistema de produção alimentar da UE. É graças ao seu árduo trabalho diário que todos nós temos alimentos seguros e de alta qualidade. Contudo, os nossos agricultores enfrentam crescentes desafios da concorrência global e das alterações climáticas”, afirma, em nota, Ursula von der Leyen, Presidente da CE.
No entanto, a proposta do executivo europeu não convenceu toda a gente. Embora reconheça que é um passo na direção certa, alinhando a agricultura com a ação climática, tornando o setor mais resiliente e estável e articulando-o com as preocupações de conservação da Natureza, a organização ambientalista WWF critica a nova “visão” por ser “vaga”.
Giulia Riedo, técnica de políticas de alimentação sustentável, aponta que “a Visão dá passos muito tímidos em direção à criação de cadeias de abastecimento alimentar mais justas e sustentáveis na UE”.
Ainda que admita como pontos positivos um compromisso mais forte para com as preocupações ambientais na agricultura e os incentivos financeiros para os agricultores que “vão além dos requisitos ambientais existentes”, Riedo acusa a CE de tentar “agradar a todos”, não conseguindo, por isso, “responder a questões críticas, como o necessário aumento dos pagamentos ambientais, tal como acordado no Diálogo Estratégico sobre o futuro da agricultura na UE”, de janeiro de 2024.
“Como resultado, resta-nos um roteiro vago para transformar a agricultura na UE”, lamenta a especialista, acrescentando que “precisamos de um caminho claro para a transição para um sistema alimentar na UE que trabalhe com a natureza, assegurando estabilidade a longo-prazo para os nossos agricultores e ajudando a tornar os alimentos mais sustentáveis e saudáveis”.