Como a música, a dança e a arte podem ajudar a melhorar a poluição do ar?



Música, dança, arte e narração de histórias permitiram que uma equipa internacional de cientistas revelasse aspetos da poluição do ar na maior cidade africana – Nairóbi (Quénia), que não seriam identificados de outra forma.

A poluição do ar é um importante problema de saúde humana, mas, apesar de muitas políticas de redução da poluição do ar destinadas a melhorar a saúde, frequentemente são ineficazes. Isto ocorre porque os especialistas não levam em consideração o conhecimento local, as práticas culturais e as prioridades dos destinatários pretendidos, alerta um novo estudo. As evidências sugerem que as intervenções de cima para baixo geralmente falham e, portanto, as pessoas devem ser colocadas no centro do desenvolvimento de formas de contornar o problema.

Uma das autoras do estudo, Cressida Bowyer, da Universidade de Portsmouth, afirma que “pela primeira vez, um estudo colocou os métodos das artes e das humanidades no centro da exploração das perceções da poluição do ar. A nossa investigação ultrapassou os limites entre as disciplinas, entre a pesquisa e a ação, e entre os especialistas pela educação e os especialistas pela experiência.”

Bowyer indica ainda que “trabalhando com as comunidades locais, fomos capazes de descobrir definições contrastantes de poluição do ar, perceções diferentes de quem foi responsável por promulgar soluções e uma visão geral de que a poluição do ar não pode ser vista isoladamente das outras questões enfrentadas pelos residentes dos assentamentos.”

A utilização destes métodos criativos permitiu que os cientistas explorassem a questão da poluição do ar com uma ampla gama de partes interessadas. Os métodos possibilitaram que conhecimentos e experiências locais fossem incorporados na compreensão do problema e permitiram que as vozes de quem vivia com o problema fossem ouvidas.

Algumas iniciativas desenvolvidas:

– Os membros da comunidade criaram histórias digitais tirando fotos ao redor de Mukuru que, quando combinadas com a sua narração, contaram a sua própria história sobre a poluição do ar.

– Investigadores comunitários treinados ajudaram crianças em idade escolar a criar histórias desenhadas e / ou escritas das suas experiências sobre a poluição do ar.

– Foram apresentadas peças de teatro em espaços comunitários importantes ao redor de Mukuru, incluindo um mercado, um centro comunitário e um campo de futebol. O público deu sugestões de como resolver o problema e os espectadores realizaram as suas propostas como parte do teatro.

– A música ‘Mazingira’, do Mukuru Kingz, foi tocada em estações de rádio e televisão nacionais com um alcance estimado de três milhões de pessoas. As letras das músicas explicam os problemas da poluição do ar.

Investigadores da Universidade de Portsmouth, juntamente com profissionais do Reino Unido, Quénia e Suécia, trabalharam em colaboração com os residentes locais no assentamento informal de Mukuru em Nairóbi, Quénia para desenvolver uma variedade de métodos, incluindo contar histórias, música, arte e teatro para explorar a compreensão da poluição do ar. As suas descobertas foram publicadas na NatureHumanities and Social Sciences Communications.

Sarah West, investigadora principal do Stockholm Environment Center, disse que “com esta gama de métodos, ganhámos uma compreensão mais complexa e matizada de como a poluição do ar é percebida e compreendida em Mukuru. O projeto também criou novos espaços e fóruns de diálogo e reflexão crítica sobre o tema poluição do ar na comunidade.

“Instamos outros investigadores que desejam abordar problemas multifatoriais, como poluição do ar, a usar uma mistura de métodos qualitativos, participativos e criativos para se envolver com uma ampla gama de partes interessadas. Isto pode suscitar entendimentos novos e inesperados que, de outra forma, não poderiam surgir. ”





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