Construir o Futuro: Sustentabilidade e responsabilidade na Habitação
Por Alejandro Martins, CEO da AM48
Portugal enfrenta dois desafios interligados: a necessidade urgente de mais construção e reabilitação para resolver a crise na habitação, e a necessidade de garantir que estas ações sejam sustentáveis, para minimizar o impacto ambiental.
Com a importância de expandir e melhorar o setor da construção no país, é crucial integrar a sustentabilidade como uma prioridade. Mas como podemos combinar esses dois objetivos de forma eficaz?
Primeiro, consideremos o estado atual das habitações. Segundo a Taxonomia da EU, quase 75% dos edifícios na União Europeia são energeticamente ineficientes e necessitam de uma renovação energética em larga escala até 2050. Além disso, o setor imobiliário é responsável por cerca de 38% das emissões globais de gases com efeito de estufa e consome aproximadamente 35% da energia produzida. Torna-se claro que a transformação da nossa economia, para um modelo mais sustentável, não será possível sem uma intervenção profunda no setor imobiliário e da construção.
Contrariamente ao que possamos pensar, o mercado imobiliário português continua a mostrar sinais de dinamismo. O Banco de Portugal registou um aumento de 2,2% no investimento imobiliário no primeiro trimestre de 2024, comparado com o trimestre anterior, indicando um contínuo desejo de investir em habitação. Este investimento deve ser direcionado para práticas sustentáveis, para que possamos resolver a crise habitacional de forma eficiente e duradoura.
Para aumentar a oferta habitacional, é essencial adotar soluções de construção sustentável. Tecnologias como a construção modular e a impressão 3D oferecem inúmeras vantagens, como a redução de desperdício, assim como do tempo de construção e dos recursos necessários. A robótica avançada pode realizar tarefas repetitivas ou perigosas, aumentando a eficiência e a segurança nos canteiros de obras. A realidade aumentada permite a sobreposição interativa do projeto com a execução, melhorando a precisão e reduzindo erros.
Além destas novas tecnologias, é vital promover o uso de materiais sustentáveis e técnicas de construção que minimizem o impacto ambiental. Construções focadas na sustentabilidade podem reduzir significativamente as emissões de carbono e o consumo de energia ao longo do ciclo de vida do edifício.
Também na própria utilização das habitações há trabalho que pode e deve ser feito, no que diz respeito a acabamentos, por exemplo, nomeadamente nas janelas, sistemas de aquecimento do ambiente e das águas, utilização da água na habitação e espaços comuns e utilização de recursos energéticos, entre outros.
A adoção destas práticas sustentáveis não só ajudará a mitigar os efeitos da crise habitacional, mas também contribuirá para um futuro mais verde e resiliente. Agora, mais do que nunca, é o momento de agir. Esta é uma responsabilidade que não podemos ignorar.