COP28: Presidente ultima novo rascunho com base nas linhas vermelhas das partes
O presidente da COP28 está a ultimar um novo rascunho do Balanço Global com base nas linhas vermelhas apresentadas pelas partes durante a noite, segundo o diretor-geral da cimeira que não adiantou detalhes sobre a questão dos combustíveis fósseis.
“Passámos a última noite a discutir e a receber ‘feedback’ e isso colocou-nos numa posição para redigir um novo texto, que inclui todos os elementos de que precisamos para um plano compreensivo até 2030”, afirmou o embaixador Majid Al Suwaidi e diretor-geral da 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28).
Numa conferência de imprensa de atualização sobre as negociações finais, que deveriam terminar hoje, o responsável disse que o novo texto está a ser trabalhado com base nas linhas apresentadas durante a noite pelos países, depois de conhecer o rascunho divulgado ao final da tarde.
“O texto que divulgámos foi um ponto de partida para a discussão. É completamente normal para um processo assente no consenso. Sabíamos que as opiniões eram polarizadas, mas não sabíamos quais eram as linhas vermelhas dos países”, acrescentou.
Sobre a nova redação, Majid Al Suwaidi disse que “está tudo lá” em termos de mitigação, adaptação, formas de implementação e ‘perdas e danos’, mas não deu pormenores sobre o tema dos combustíveis fósseis, o menos consensual entre as partes.
Na proposta de texto final do “Balanço Global” dos oitos anos do Acordo de Paris, apresentada na segunda-feira pelo presidente da COP28, Sultan Al Jaber, o fim dos combustíveis fósseis deixa de ser referido, o que mereceu a contestação de vários países, incluindo a União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.
“Estamos a tentar concordar num plano para preencher as falhas entre onde o mundo se encontra e onde precisa de estar para manter o 1,5ºC ao alcance. Essa tem sido a nossa estrela do norte e parte disso passa por incluir os combustíveis fósseis no texto”, disse o diretor-geral.
“Se conseguirmos, seria histórico”, acrescentou, ressalvando, no entanto, que se trata de um processo de consenso e que, acima de tudo, é necessário encontrar um equilíbrio entre os países.
Durante as negociações, que decorrem há quase duas semanas no Dubai, chegaram a estar em cima da mesa diferentes opções de formulação que referiam a redução gradual e eliminação dos combustíveis fósseis ou apenas o fim dos chamados ‘unabated’, ou seja, aqueles em que não é possível a captura do carbono.
“Sabemos há muito tempo que a linguagem em torno dos combustíveis fosseis é complicada e é importante ter a linguagem certa, é importante perceber como podemos ter esse equilíbrio”, referiu Majid Al Suwaidi, apontando a necessidade de uma formulação “que não cause bloqueios”.
A COP28 tem como um dos principais objetivos reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), produzidos maioritariamente pelos combustíveis fósseis, e impedir que as temperaturas subam acima de 1,5º em comparação com a época pré-industrial, metas definidas no Acordo de Paris, adotado em 2015.
O primeiro balanço global do Acordo está a ser feito na cimeira do Dubai, Emirados Árabes Unidos, que tem encerramento marcado para hoje, mas que poderá prolongar-se, ao contrário da expectativa de Al Jaber, que esperava concluir os trabalhos até às 11:00 de hoje (07:00 em Lisboa).