COP29: Organização timorense recupera mangais para mitigar alterações climáticas
Em Hera, nos arredores de Díli, são plantados anualmente 30.000 pés de plantas de mangal para tentar recuperar um ecossistema, fundamental para a proteção da área costeira de Timor-Leste, que perdeu cerca de cinco mil hectares desde 1940.
A iniciativa é da organização não-governamental (ONG) Conservação Flora e Fauna, liderada por Alito Rosa, que além dos viveiros em Hera, tem também um centro de estudos e pesquisa, que pode ser visitado por todas as pessoas para que conheçam os mangais e os benefícios deste ecossistema, mas também sobre os corais e as pradarias marinhas.
“No tempo português, havia nove mil hectares de mangais agora há quatro mil hectares”, disse à Lusa Alito Rosa, explicando que as plantas do viveiro são, todos os anos, replantadas na área protegida de Hera e também em Tibar e Ulmera, no município de Liquiçá.
Segundo o ambientalista, os mangais em Timor-Leste foram desaparecendo devido ao corte das plantas para lenha, mas também devido às atividades de desenvolvimento e às alterações climáticas.
“O mangal é muito importante porque protege as comunidades da erosão costeira, reduz os desastres naturais, como inundações, além disso o mangal tem um potencial económico para a pesca e turismo, e pode mitigar as alterações climáticas, através da absorção de gases de carbono”, disse.
Dados da ONU indicam que nas últimas décadas o nível do mar em Timor-Leste subiu cerca de nove milímetros, superior à média global, que se situa entre os 2,8 e os 3,6 milímetros por ano.
A subida do mar já está a ter impacto em infraestruturas costeiras, comunidades e cidades.
A componente naval de Hera, uma base das forças de defesa de Timor-Leste, é um dos exemplos de uma infraestrutura que está a sofrer com a erosão costeira, disse Alito Rosa.
O diretor da Conservação Flora e Fauna lamentou também que a maioria dos timorenses ainda não tenha conhecimento sobre as alterações climáticas e que o lixo continue a chegar ao mar, principalmente o plástico, que destrói os ecossistemas de mangais, corais e pradarias marinhas.
Além da proteção ambiental, a ONG trabalha também com as comunidades na preservação daqueles ecossistemas e ajuda-as a desenvolverem atividades que tragam benefícios socioeconómicos.