Criar carbono no solo com micróbios benéficos

Os ensaios de campo realizados na Universidade de Queensland mostram que a biotecnologia microbiana pode ser um fator de mudança para a agricultura, com benefícios simultâneos para a regeneração do solo, o rendimento das culturas e o sequestro de carbono.
A Aliança de Queensland para a Agricultura e Inovação Alimentar da UQ e a Escola de Agricultura e Sustentabilidade Alimentar colaboraram com a empresa de agro-biotecnologia Loam Bio para testar inoculantes de fungos endófitos em plantas de soja.
O investigador do QAAFI, Dr. Vijaya Singh, afirma que os inoculantes de endófitos fúngicos são micróbios benéficos aplicados às sementes.
“Trata-se de uma relação simbiótica em que, em troca do fornecimento de nutrientes e água à planta hospedeira, os micróbios fúngicos obtêm carbono como alimento”, aponta Singh.
“O carbono atmosférico fixado pela planta flui para o solo através dos fluidos libertados pelas raízes, aumentando o carbono do solo em vez de o remover”, explica.
“Mais carbono significa mais rendimento de grãos, e é por isso que é emocionante para mim, porque estamos a fazer uma investigação significativa”, diz ainda.
“A construção de carbono no solo melhora a estrutura do solo, aumenta o teor de água do solo e a disponibilidade e captura de nutrientes”, acrescenta.
A Loam Bio está a desenvolver os inoculantes há mais de quatro anos.
O investigador da empresa, Neeraj Purushotham, afirma que os resultados do primeiro ano de ensaios em Gatton, Queensland, são encorajadores.
“O que estamos a procurar com a nossa colaboração com a UQ é compreender mais profundamente como funciona o nosso inoculante e também compreender como se constrói o carbono estável, porque é isso que permanece no solo”, afirma Purushotham.
“Ao aumentar a quantidade de carbono sequestrado, estamos a ajudar o agricultor, porque quanto mais saudável for o solo, menos fertilizantes serão necessários”, revela.
“Isso significaria reduzir o uso de fertilizantes, gerando o mesmo benefício em termos de rendimento, além de obter carbono dentro do solo”, adianta.
Singh afirma ainda que os resultados justificavam uma investigação mais aprofundada.
“Os nossos resultados sugerem que os endófitos têm impactos potencialmente benéficos no crescimento das culturas, no rendimento e desempenham um papel na alteração da matéria orgânica do solo”, conclui Singh.
A investigação foi publicada na revista Scientific Reports.