Crise climática: Oceano ártico está a tornar-se ácido 3 a 4 vezes mais rápido do que qualquer outro



“O Ártico está a aquecer mais rapidamente do que qualquer outra região comparável na Terra, com uma consequente rápida perda de gelo”, revela um estudo publicado esta semana na revista ‘Science’.

Os investigadores do Instituto para a Investigação Polar e Marinha, na China, e da Faculdade de Ciências e Políticas Marinhas da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, analisaram dados recolhidos no Ártico entre 1994 e 2020 e comparam-nos com dados de outros oceanos. A conclusão? As águas marinhas do Ártico estão a tornar-se ácidas muito mais rapidamente do que as de qualquer outro oceano.

O crescente degelo, explicam, faz com que o oceano nessa região do planeta absorva mais dióxido de carbono atmosférico e “impulsiona a rápida acidificação da parte ocidental do oceano ártico, a um ritmo três a quatro vezes maior” do que no Atlântico, no Pacífico, no Índico ou no Antártico.

Os investigadores acreditam que se a tendência de degelo continuar no Ártico ocidental o processo de acidificação das suas águas intensificar-se-á ao longo das próximas décadas. Ainda no mês passado, um outro estudo, publicado na revista ‘Nature’, revelava que a região do Ártico tinha aquecido quase quatro vezes mais rapidamente do que os resto do planeta desde 1976, pelo que a trajetória de perda da superfície gelada é praticamente uma certeza.

A esse fenómeno de aquecimento rápido no polo norte da Terra os cientistas chamam de “amplificação do Ártico”, um mecanismo de retroalimentação positiva em que quanto mais a região aquece, mais gelo perde, menor capacidade tem para refletir a radiação solar, e, por isso, mais calor fica retido nas suas águas, num ciclo vicioso.

Além disso, o degelo altera a química da água do mar, reduzindo a sua alcalinidade, ou seja, aumentando a sua acidez. Tal transformação poderá ter consequências devastadoras para a vida marinha em todo o planeta, sendo de destacar os recifes de coral, cujo carbonato de cálcio que os suporta será erodido por águas mais ácidas, bem como uma multiplicidade de moluscos que usam conchas para se protegerem.





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