Cuidado maternal é essencial para o desenvolvimento e saúde desta espécie de abelha
A maioria das espécies selvagens de abelhas são solitárias, contrariamente ao que se possa pensar, e há espécies que exibem uma forte ligação entre as progenitoras e a sua descendência. Tal como em muitas outras espécies, incluindo os humanos, os cuidados maternais podem ser fundamentais para a sobrevivência e desenvolvimento saudável das crias.
Esse é também o caso da abelha da espécie Ceratina calcarata, considerada uma abelha carpinteira por fazer os seus ninhos em caules de plantas mortas, escavando túneis estreitos nos quais deposita os seus ovos, envoltos em bolas de pólen recolhido pela progenitora e do qual a larva de alimentará durante os primeiros dias do seu desenvolvimento. E as mães continuam a cuidar das crias meses após estas terem atingido a idade adulta.
Uma investigação liderada pela Universidade de York, no Canadá, revelou que, sem os cuidados atentos das progenitoras, que são verdadeiras ‘mães solteiras’, as larvas dessas abelhas poderiam sucumbir a patógenos, como fungos, bactérias, vírus e parasitas, logos nos primeiros estágios do seu desenvolvimento.
Em laboratório, os investigadores, que assinam um artigo publicado esta quinta-feira na revista ‘Communications Biology’, perceberam que as larvas às quais foi vedado o cuidado materno rapidamente eram dominadas por fungos e bactérias, afetando o seu microbioma, a sua saúde e, consequentemente, o seu desenvolvimento, podendo causar malformações e até a morte.
Na fase larvar, a presença de patógenos pode mesmo afetar a expressão e funcionamento de genes da jovem abelha, resultando numa maior suscetibilidade a doenças na idade adulta.
Por isso, os investigadores argumentam que, se por alguma razão, a progenitora for impedida de cuidar das suas crias, o ninho ficará à mercê de parasitas, podendo comprometer a sobrevivência de uma geração inteira desta espécie.