Da Amazónia para Alpiarça: a rota de sustentabilidade que coloca a Tribe na vanguarda do açaí e dos sorbets exóticos

Quando a Tribe recebeu, em Janeiro de 2025, o Prémio Escolha Sustentável, o galardão funcionou como um megafone para algo que sempre fez parte do ADN da empresa: a sustentabilidade. Em entrevista à Green Savers, Luís Teixeira, CEO da GlobalTribe, afirma que o reconhecimento reforçou o orgulho da equipa e serviu de acelerador de negócio. O estorço diário passou a estar publicamente validado pelo desempenho ambiental da empresa.
Tendo vencido o Prémio Escolha Sustentável 2025 no início do ano, conseguem identificar mudanças — seja no empenho interno das equipas, na perceção dos vossos clientes ou no interesse de novos parceiros? Podem partilhar um exemplo tangível que mostre como esta distinção está a acelerar a vossa agenda de sustentabilidade?
O prémio Escolha Sustentável é, acima de tudo, um reconhecimento pelo trabalho exercido no sentido da melhoria contínua. Como tal, numa primeira instância, desempenha um papel importante como fator motivacional das nossas equipas, que sentem o seu trabalho reconhecido e validado.
Ao nível do consumidor, que está cada vez mais informado, consciente e exigente relativamente à sustentabilidade, sentimos um reforço da sua confiança na marca. O prémio atua como um selo que valida as nossas práticas, tornando mais clara a nossa proposta de valor e diferenciando-nos num mercado cada vez mais competitivo.
Conscientes das necessidades do mercado, também os parceiros profissionais estão mais atentos e procuram empresas conscientes e com práticas sustentáveis já implementadas nas suas operações. De facto, este prémio tem acelerado o nosso posicionamento como líder de sustentabilidade no setor e permitiu a abertura de novos canais de exportação e parcerias com distribuidores europeus estratégicos que priorizam marcas com práticas sustentáveis.
Hoje, mais do que nunca, sentimos que a sustentabilidade deixou de ser um “extra” e que passou a ser um critério fundamental de decisão, e este prémio vem reforçar a credibilidade do nosso compromisso.
Entre os diversos indicadores que monitorizam, quais são as métricas‑chave que consideram mais reveladoras do vosso impacto (por exemplo, emissões evitadas, circularidade de materiais, criação de valor social) e que metodologias ou auditorias externas utilizam para garantir a credibilidade desses dados?
Analisamos sempre o nosso impacto nas duas vertentes, ambiental e social.
A nível ambiental podemos afirmar que “já nascemos sustentáveis”. Na construção da nossa unidade de produção, há 4 anos, fizemos significativos investimentos em tecnologia de ponta que nos permitissem reduzir o nosso impacto ambiental e alcançar a eficiência energética. A fábrica foi cuidadosamente projetada para maximizar a eficiência dos recursos, abrangendo áreas como movimentação de cargas, consumo de energia e operacionalidade.
A nível social conseguimos ter uma maior perceção do impacto das nossas iniciativas e neste âmbito, analisamos sobretudo a criação de valor para a comunidade local e a comunidade da Cooperativa COOPERAMOR e para os membros e beneficiários das instituições sociais com quem trabalhamos. Investimos de forma consistente em ações de caráter social, apoiando iniciativas comunitárias e colaborando com associações locais sem fins lucrativos em projetos que promovem a educação, a alimentação equilibrada, a prática desportiva e a adoção de hábitos saudáveis. Estas parcerias são essenciais para assegurar que a nossa atuação contribui genuinamente para o bem-estar das comunidades com quem nos relacionamos e para o fortalecimento do tecido social local.
Por outro lado, estamos atualmente em fase de consultoria e implementação para a certificação ISO 14001 — Sistema de Gestão Ambiental – um passo estratégico que reforça o nosso compromisso com a melhoria contínua da gestão ambiental.
Que objetivos estratégicos — em termos de inovação, escalabilidade ou colaboração sectorial — pretendem atingir nos próximos anos para elevar o vosso contributo para a transição sustentável, e que principais desafios anteveem no caminho?
Nos próximos anos, pretendemos continuar a inovar no desenvolvimento de produtos naturais e saudáveis, certificados vegan e sempre a partir de frutas exóticas. Esta aposta permite-nos valorizar a biodiversidade tropical e reforçar a nossa proposta diferenciadora. A inovação, no nosso caso, está intrinsecamente ligada à naturalidade: todos os produtos são desenvolvidos com ingredientes 100% naturais, com receitas simples e clean label, mantendo saudável o que já é saudável.
Paralelamente, estamos a investir em soluções de embalagem mais sustentáveis e com menor impacto ambiental. Acreditamos que a inovação não se limita ao produto em si, mas estende-se também à forma como o é embalado, transportado e, finalmente, descartado — e é nesse ciclo completo que procuramos gerar impacto positivo.
No eixo do crescimento, o nosso objetivo é escalar de forma sustentável, levando a Tribe a novos mercados sem comprometer os nossos padrões de qualidade nem o equilíbrio ambiental da floresta amazónica — origem do nosso principal ingrediente, o açaí. Acreditamos na força da colaboração e, temos vindo a aprofundar parcerias, sobretudo na vertente social, com associações e iniciativas locais alinhadas com os nossos valores. Paralelamente, promovemos o diálogo com diferentes agentes da indústria — desde a produção até à distribuição — com o objetivo de contribuir para uma cadeia de valor mais justa, transparente e regenerativa.
O principal desafio que identificamos reside precisamente na preservação da floresta amazónica face à crescente procura global pelo açaí. O risco de sobreexploração é real e exige um compromisso coletivo com práticas de gestão e extração sustentáveis, com o empoderamento das comunidades locais e com a valorização da floresta como ativo económico e ambiental. Só assim será possível garantir a proteção deste ecossistema vital e a continuidade do setor a longo prazo.
Como garantem que a colheita do açaí promove a conservação da floresta amazónica e quais os benefícios socioeconómicos diretos para as comunidades ribeirinhas fornecedoras?
A conservação da floresta é uma nossas das principais preocupações a nível ambiental. Uma parte significativa do açaí que utilizamos como matéria-prima, provém de colheitas realizadas por comunidades ribeirinhas que vivem em harmonia com a floresta, sem a destruir. Este modelo de extrativismo sustentável constitui uma alternativa eficaz à desflorestação, ao atribuir valor económico à floresta.
Um dos grandes diferenciais da Tribe é a sua estrutura vertical. A Eco Foods, produtora de polpas de frutas e 3 fábricas na Amazónia, integra a estrutura societária da Globaltribe, permitindo-nos assegurar uma rastreabilidade completa e uma atuação proativa em todas as etapas da cadeia de valor — desde a colheita até à transformação da polpa de açaí.
Adicionalmente, apoiamos ativamente a Cooperativa COOPERAMOR, uma cooperativa composta por 40 famílias residentes na Ilha do Palheta, que tem como principal fonte de rendimento e de atividade a recoleção e venda da baga de açaí. A Cooperativa foi criada com o objetivo de fomentar, através da educação, o maneio adequado do açaizal, aumentando a sua produtividade e a qualidade do fruto e, consequentemente, os rendimentos da comunidade. A sociedade entre a Tribe e a Eco Foods apadrinha a iniciativa da cooperativa garantindo a compra direta do fruto, sem intermediários proporcionando melhor margem de lucro aos cooperados. Por outro lado, a sociedade garante a recolha de toda a produção, através da sua frota fluvial, que de outra forma não seria recolhida e posteriormente vendida.
Além disso, encontramo-nos em construção de uma nova unidade fabril numa zona onde, até ao momento, existe uma falta de capacidade industrial de transformação. Desta forma, trabalhamos de forma cada vez mais próxima com as comunidades ribeirinhas.
Acreditamos que proteger a Amazónia passa por reconhecer e valorizar o contributo de quem a habita. Ao garantir que o açaí é colhido de forma ética e sustentável, preservamos o ecossistema e criamos oportunidades reais de desenvolvimento para as comunidades locais, assegurando que a floresta permaneça viva, produtiva e protegida para as gerações futuras.