Daniela Simões, co-fundadora da Miio: “O setor dos transportes é uma das maiores fontes de poluição do nosso planeta”



Fundada por dois antigos alunos da Universidade de Aveiro, a startup Miio lançou uma nova forma de carregamento de veículos elétricos 100% digital. Em entrevista à Green Savers, Daniela Simões, co-fundadora, explica os passos que a empresa tem vindo a dar para a transformação da mobilidade elétrica em Portugal.

Na sua opinião, como pode a mobilidade elétrica contribuir para a sustentabilidade?

O setor dos transportes é uma das maiores fontes de poluição do nosso planeta. A mobilidade elétrica é uma das opções para que possamos atingir melhores valores de descarbonização e assim, termos centros urbanos mais silenciosos e com uma melhor qualidade do ar.

Reforço ainda que a mobilidade elétrica não está presente apenas naquilo que é o carro particular, está presente em motas, frotas de empresas, transportes públicos e outros de menor alcance, tais como a bicicletas e trotinetes.

Quais os passos que a Miio tem vindo a dar para a transformação da mobilidade elétrica em Portugal?

A Miio tem vindo a trabalhar não só com e para o consumidor final, mas também com os parceiros do ecossistema para a construção de uma rede de carregamentos mais fiável.

A Miio vem trazer simplicidade e comodidade, dois fatores dos quais o cliente final não abdica. A transição energética tem vindo a ocorrer lentamente e, só poderá ser acelerada se não mudar negativamente a realidade do consumidor final. Para isso, existir controlo sobre todos os passos e segurança de que o condutor vai chegar tranquilamente ao destino final, faz toda a diferença entre optarem ou não por um carro elétrico.

Quais são os principais benefícios para os utilizadores?

A mobilidade elétrica no geral ainda tem associada uma linguagem muito técnica e conceitos específicos que o utilizador normal desconhece até ter um carro elétrico em sua posse.

A Miio vem trazer, em primeiro, uma parte educacional, onde recomenda uma determinada tomada ao utilizador, informa de imediato quanto tempo vai demorar a carga, quantos kWh vão ser consumidos e qual o preço final. E, desta forma, não há qualquer surpresa.

Adicionalmente, a Miio inova também na simplicidade, na medida em que o utilizador tem todos os postos de carregamento numa só aplicação, com potência, tomadas, localização, preço e disponibilidade.

Vem ainda trazer segurança, uma vez que o utilizador pode monitorizar a sua carga à distância, verificando ao longo do tempo o preço e garantindo que a carga não foi interrompida por algum evento e, caso aconteça, o utilizador é notificado de imediato.

Para além de tudo isto, a Miio é a primeira empresa a desmaterializar os cartões físicos, permitindo a existência de controlo financeiro porque, ao contrário do resto do mercado, a miio providencia os consumos a serem faturados no fim do mês, entre muitas outras funcionalidades.

Como é que se encontra Portugal na área da mobilidade elétrica face a outros países?

O modelo que Portugal adota, com a rede MOBI.E, é completamente diferente do que é adotado nos demais países da Europa. Por isso, é difícil fazer uma comparação analítica e as respostas acabam por se basear na opinião de cada um.

O modelo adotado em Portugal já foi destacado por outros países europeus como um bom exemplo de como uma rede de carregamentos de veículos elétricos deve ser operada. Além de que, em Portugal, os preços não variam tanto de operador para operador, como na Europa, onde vemos diferenças de mais de 300%, para o mesmo tempo e kWh consumidos.

Ao nível de existência de postos de carregamento, o crescimento da nossa rede tem vindo a ser exponencial. É de realçar que outros países Europeus têm vindo a aumentar o seu parque automóvel elétrico há mais anos e por isso, em conjunto com diferentes incentivos na aquisição desses mesmos veículos, são uma melhor motivação para o crescimento de uma rede mais extensa e com mais potência.

Assim, de forma global posso afirmar que o nosso país se encontra num processo de desenvolvimento francamente positivo, sendo que devemos continuar a evoluir e esforçar-nos para acompanhar a crescente adoção de veículos elétricos por parte dos consumidores, com uma rede de postos de carregamento cada vez mais completa, reforçando também a praticidade e conveniência de utilização.

E o que falta ainda ser feito?

É certo que ainda temos um longo caminho pela frente, sendo que destaco aqui alguns dos pontos que me parecem ser os mais relevantes a médio prazo: anular a necessidade de contratos com comercializadores, providenciar uma operação e manutenção mais automatizada e urgente aos postos de carregamento, alcançar as zonas com um parque automóvel elétrico significativo e sem postos de carregamento públicos suficientes, facilitar o carregamento doméstico sempre que possível e continuar a criar comodidade e simplicidade para que mais utilizadores adiram a uma mobilidade mais sustentável.





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