Desaparecimento de turfa tropical acelera o aquecimento global



De acordo com um estudo publicado esta semana na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences, as florestas de turfa tropical, que ocupavam grandes extensões do Sudoeste Asiático, estão a desaparecer rapidamente devido a processos de drenagem realizados para dar lugar a plantações de óleo de palma e monocultivos de árvores para papel. Agora, o problema agrava-se, uma vez que as alterações climáticas estão a fazer subir as água do mar e a mudar os padrões de precipitação, contribuindo ainda mais para a destruição das turfeiras florestais.

O problema é que estas zonas húmidas desempenham um papel crucial na eliminação do dióxido de carbono da atmosfera, acumulando grandes quantidades de CO2 na sua biomassa. Segundo Charles Harvey, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um dos autores do referido estudo, uma enorme quantidade de turfeiras no Sudeste Asiático já foi desmatada e drenada. E o problema reside precisamente nesse aspecto. É que uma vez drenada, a turfa seca e o solo orgânico (contendo carbono) oxida e o CO2 regressa à atmosfera.

Outros dos perigos é que esta turfa arborizada, quando seca, é altamente inflamável, podendo pegar fogo e queimar por longos períodos, causando grandes nuvens de poluição do ar.

Os solos das turfeiras são compostos principalmente por matéria orgânica que não foi decomposta porque os pântanos não contêm oxigénio, sendo, portanto, muito ricos em carbono (a turfa que fica comprimida no subsolo é o material que acaba por se transformar em carvão). Cobrem menos de 5% da superfície terrestre, mas armazenam mais do dobro de carbono do que todas as florestas do mundo. Na verdade, de acordo com estes cientistas que instalaram um centro de pesquisa na Ilha do Bornéu, estas turfeiras tropicais podem conter tanto dióxido de carbono quanto a combustão global de combustíveis fósseis de uma década.

Segundo outro investigador, Thomas Gumbricht, consultor científico do Centro de Pesquisa Florestal Internacional (CIFOR) em Bogor, na Indonésia, num artigo publicado na revista Global Change Biology, há aspectos negativos e positivos na questão. A parte negativa é que há muito mais carbono que pode ser liberado, mas a parte positiva é que “o potencial das turfeiras para armazenar carbono é também maior do que se pensava até agora”. Ou seja, a investigação em torno destas florestas agora em curso é crucial, para descobrir onde existem e a quantidade de carbono que contêm. Só sabendo mais sobre o funcionamento destes ecossistemas, como se formam e crescem, poderemos ser capazes de preservar algumas destas áreas ou até mesmo regenerá-las.

Foto: Creative Commons/Global Landscapes Forum

 





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