Descobertas comunidades diversas de microrganismos em ‘chaminés’ nas profundezas dos oceanos



Os recantos mais profundos dos oceanos, onde a luz solar não penetra, podem ser considerados regiões sem vida, mas isso não podia estar mais longe da verdade. Apesar de os grandes animais nadarem sobretudo nas camadas mais superficiais da coluna de água, nas profundezas reinam os seres mais peculiares e também os mais pequenos.

Num artigo publicado na revista ‘Microbiome’, uma equipa de cientistas dos Estados Unidos revela ter descoberto comunidades ricas de microrganismos, em relações de interdependência, que se desenvolvem em torno das ‘chaminés’ hidrotermais no leito oceânico, que expelem água a temperaturas que podem chegar aos 400 graus Celsius.

Os autores dizem que esses ambientes, inabitáveis para a maioria das formas de vida, foram colonizados por microrganismos especialmente adaptados às altas temperaturas, e detetaram 3.634 bactérias e Archaea, organismos unicelulares distintos das bactérias, em 40 comunidades que vivem nessas ‘chaminés’ rochosas nas profundezas do oceano.

Durante a investigação, que abrangeu 38 formações rochosas hidrotermais das profundezas nos oceanos Atlântico e Pacífico, os cientistas descobriram 500 novos géneros e dois novos filos.

No vulcão submarino Brothers, ao largo da costa da Nova Zelândia, foi identificada uma grande diversidade de vida microbiana, sendo muitos dos organismos encontrados nessa estrutura não se encontrarão em mais lado algum.

Anna-Louise Reysenbach, professora de biologia na Portland State University, nos Estados Unidos, e uma das autoras do artigo, afirma que a biodiversidade nesse local “era enorme”, sugerindo que os vulcões submarinos nas profundezas do oceano podem até albergar uma maior diversidade de microrganismos do que as ‘chaminés’ hidrotermais.

Além dessa grande variedade, outro aspeto surpreendeu os investigadores: muitos desses organismos dependem uns dos outros para sobreviverem nesses ambientes hostis.

Através de técnicas de análise genómica, perceberam que alguns microrganismos não conseguem metabolizar todos os nutrientes de que precisam e, por isso, dependem de outros organismos para aceder a essas substâncias, designadamente nitrogénio e enxofre.

“Eles formam uma comunidade”, assinala Reysenbach, explicando que “partilham alimento uns com os outros”, formando arranjos ecológicos próprios desses duros ambientes oceânicos. Os cientistas consideram que a existência dessas comunidades depende da “cooperação metabólica” estabelecida entre os microrganismos.





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