Descobertas na Austrália duas novas espécies de “engenheiros” do mundo das aranhas



Duas novas espécies de aranhas-de-alçapão do género Kwonkan foram descobertas no norte da Austrália. É a primeira vez que membros desse grupo de aracnídeos são identificados nessa região.

Batizadas com os nomes científicos Kownkan fluctellus e Kownkan nemoralis, as aranhas foram encontradas em Kimberley, uma zona australiana caracterizada sobretudo por um ambiente árido semelhante à savana. No entanto, os espécimes foram descobertos numa ravina, área onde, por estar mais protegida, cresce uma maior diversidade de vegetação.

O que mais surpreendeu os investigadores, que publicaram as descobertas este mês na revista ‘Australian Journal of Taxonomy’, foi a complexidade das tocas construídas por estas aranhas.

“Ao contrário da maioria das espécies aparentadas que constroem entradas simples e abertas para as suas tocas, as aranhas do género Kownkan criam entradas elaboradas para as suas tocas com características únicas”, explica, em comunicado, Jeremy Wilson, investigador da Universidade da Austrália Ocidental e primeiro autor do artigo.

A descoberta deu-se quando a equipa explorava as margens de um pequeno riacho na zona de Kimberley, e aperceberam-se de buracos circulares escavados na areia.

Ao contrário de outras espécies de aranhas-de-alçapão que constroem “portas” que selam a entrada das suas tocas como uma tampa, as novas espécies criam uma espécie de “colar” em torno da entada, formado por um cordão de areia segurado por fios de seda. Wilson diz que esse tipo de estrutura “era diferente de tudo o que tínhamos visto até agora”.

A entrada das tocas das duas novas espécies é contornada por um “cordão” de sedimentos segurados por seda que a aranha pode fazer colapsar para se esconder de predadores ou proteger em caso de cheias.
Foto: Jeremy Wilson, da Universidade da Austrália Ocidental e primeiro autor do estudo.

Assim, quando ameaçada, a aranha faz colapsar o cordão de sedimentos, fechando a entrada para a toca, “enquanto a areia se mistura perfeitamente com a paisagem circundante, tornando-a praticamente invisível aos predadores”, como escorpiões, centopeias e vespas, explica o investigador.

Contudo, apesar de única, a equipa está ainda por compreender realmente o porquê de essas espécies construírem alçapões dessa forma, com Wilson a sugerir que esse design particular poderá também proteger as tocas em caso de cheias repentinas, frequentes em zonas áridas.






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