Descoberto no Ártico fóssil do que se acredita ser um dos primeiros ‘dinossauros marinhos’



Há aproximadamente 252 milhões de anos, deu-se o que se hoje considera ser a maior extinção em massa, no final do período Pérmico, que devastou a vida em terra e no mar, fruto de uma série de erupções vulcânicas, sobretudo na região da Sibéria. Esse evento ficou conhecido como ‘A Grande Mortandade’ e resultou no desaparecimento de quase 96% de todas as espécies marinhas.

No encalço desse fenómeno catastrófico, surgiu a era dos dinossauros. Com o passar do tempo, alguns desses répteis migraram para habitats costeiros, preenchendo nichos ecológicos que antes eram ocupados por predadores marinhos que tinham desaparecido, e, tornando curta uma longa história evolutiva, acabaram por desenvolver barbatanas, corpos hidrodinâmicos e a capacidade para se reproduzirem nos mares. Assim apareceram os ictiossauros, os ‘répteis-peixe’, que conquistaram o topo da cadeia alimentar nos oceanos, enquanto, em terra, dominavam os dinossauros.

Ilustração do aspeto que se pensa que terá tido este primeiro ictiossauro.
Foto: Esther van Hulsen (fornecida pelos autores do artigo).

Contudo, numa missão paleontológica ao Ártico, em 2014, cientistas noruegueses e suecos descobriram, na região de Spitsbergen, fósseis que voltam a abrir o debate sobre quando terão, de facto surgido esses gigantes reptilianos dos mares.

Spitsbergen, no Ártico, onde foram encontrados os fósseis que veem reescrever a história da evolução dos ictiossauros.
Foto: Benjamin Kear (coautor do artigo)

Os investigadores, que revelaram a descoberta num artigo publicado esta semana na revista ‘Current Biology’, depararam-se com 11 vértebras da cauda de um ictiossauro, que, no entanto, foram preservadas em rochas que seriam muito anteriores ao que se considerava ser o aparecimento desses répteis marinhos. Os registos fósseis indicavam que se tratava de um animal totalmente adaptado à vida nos oceanos e que seria muito semelhante aos ictiossauros encontrados em registos mais recentes.

Fósseis de vértebras do ictiossauro mais antigo até hoje descoberto.
Foto: Øyvind Hammer e Jørn Hurum (coautores do artigo)

Análises geoquímicas viriam a confirmar que, de facto, esse ictiossauro teria vivido dois milhões de anos após a grande extinção do final do Pérmico, o que coloca a origem e a diversificação dos ictiossauros antes do inícios da ‘era dos dinossauros’. Por isso, os investigadores sugerem que os ictiossauros terão conquistado habitats marinhos, ainda que a pouca profundidade, antes da ‘Grande Mortandade’ e do advento dos dinossauros.





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