Desconfiança nos cientistas climáticos vem de uma minoria, mas o seu ceticismo é poderoso



Embora a maioria das pessoas em todo o mundo confie nos cientistas climáticos, uma pequena minoria cética – como os conservadores nos EUA – pode levar à inação em relação a esta questão, relata Viktoria Cologna, da Universidade de Harvard, e colegas num novo artigo publicado na revista de acesso livre PLOS Climate.

De acordo com os especialistas em clima, a janela para enfrentar as alterações climáticas e garantir um futuro habitável e sustentável está a fechar-se rapidamente.

No entanto, a maioria dos países não está no bom caminho para reduzir as suas emissões, em grande parte devido a atores políticos e económicos poderosos, como empresas e grupos de pressão, que impedem a tomada de medidas e tentam minar a confiança do público na ciência climática.

Na nova investigação, a equipa de Cologna efetuou uma análise narrativa exaustiva da literatura académica atual para investigar a possibilidade de a falta de confiança do público na ciência do clima e nos cientistas climáticos poder estar a prejudicar a eficácia da comunicação desta ciência ao público.

Os investigadores descobriram que, embora a percentagem de pessoas que confiam nos cientistas do clima varie consoante o país, a nível mundial, a maioria das pessoas considera-os dignos de confiança.

Além disso, em muitas regiões, a confiança na ciência climática aumentou nos últimos anos. Nos EUA, as pessoas que são céticas e divulgam informações falsas ou enganosas sobre a ciência do clima são, na maioria das vezes, conservadores políticos.

O artigo de revisão também refere que os cientistas ainda podem ser considerados dignos de confiança se defenderem uma maior ação climática em geral, mas a sua credibilidade pode ser afetada quando defendem políticas específicas, dependendo da popularidade da política.

Os investigadores aconselham os cientistas climáticos a aumentar a sua fiabilidade demonstrando competência, benevolência, integridade e abertura, e “caminhando” para reduzir as suas pegadas de carbono pessoais.

De um modo geral, a análise conclui que as narrativas de desconfiança generalizada em relação à ciência do clima são incorretas. No entanto, a desconfiança, mesmo que seja de uma minoria do público, pode ter consequências políticas e levar à inação climática.

“A nossa análise narrativa mostra que uma grande parte do público nacional considera que os cientistas do clima e a ciência do clima são dignos de confiança. No entanto, a desconfiança na mesma pode ter consequências políticas e deve ser levada a sério, mesmo que seja manifestada apenas por uma minoria do público”, concluem os autores.





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