Devemos deixar as florestas arder?



Devemos deixar as florestas arder? Muitos cientistas, ambientalistas e engenheiros florestais defendem que sim, que devem arder. Dizem mesmo que temos um ‘deficit de fogo’ e que todos os anos a área florestal ardida devia ser superior.

Para outros, a maioria de nós, na realidade, é um sacrilégio. Os fogos devem ser combatidos, para proteger árvores, animais e populações. Cada novo fogo grande é abertura de noticiário, aqui e em qualquer lado do mundo, da França à Austrália, passando pelos Estados Unidos. Existe obviamente uma preocupação com a segurança das pessoas, e nisso este ano foi trágico em Portugal, mas estes cientistas defendem que os esforços e os orçamentos devem ser utilizados para essa protecção, não para combater o fogo.

Na Universidade de Berkley, na Califórnia, um grupo de cientistas organizou-se em torno de um projecto – John Muir – precisamente para defender os fogos florestais. Dizem que este combate ao fogo florestal foi uma invenção do século passado, quando as florestas se tornaram num bem económico, e que para animais e flora, o ideal é que ardam. Dizem mesmo que as florestas ardidas são um habitat fundamental para várias espécies e que, enquanto combatermos os fogos, estamos a colocar esse habitat em risco. Na Universidade de Yale concordam e foram eles quem primeiro começou a usar o termo ‘Deficit de Fogo’. “As florestas foram feitas para ter fogo” acrescentam.

Nos EUA, estes cientistas procuraram saber quanta área ardia nos Estados Unidos antes dos combates surgiram e chegaram à conclusão que todos os anos esse valor rondava os 8 e 12 milhões de hectares, e que agora não arde mais de 1 a 2 milhões, o que é insuficiente. Para eles, devia arder pelo menos 4 milhões de hectares. Embora para isso, admitem, seria necessário não só proteger as pessoas como também mudar as suas mentalidades. Não devíamos ter uma discussão semelhante em Portugal?

Foto: Wiki Commons





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