Dia Internacional da Reciclagem | Verdade ou mito: 5 preconceitos esclarecidos sobre a reciclagem
Nos primeiros três meses de 2023, foram recolhidas mais de 108 mil toneladas de embalagens nos ecopontos nacionais, um aumento de 3% quando comparado com o mesmo período do ano passado. No entanto, apesar deste aumento segundo os dados revelados pela Sociedade Ponto Verde, os portugueses ainda têm um longo caminho a percorrer, no que toca a conhecimento mais técnico relacionado com reciclar.
Algumas das ideias pré-concebidas que temos acerca da reciclagem, uma vez desmistificadas, poderão traduzir-se em mudanças significativas para o planeta. Neste sentido, a plataforma de financiamento colaborativo Goparity esclarece cinco dos principais mitos da sociedade associados à reciclagem:
1. “Os materiais só podem ser reciclados uma vez”: Na verdade, a maioria pode ser reciclada mais do que uma vez. O vidro e o metal podem ser reciclados indefinidamente sem que haja qualquer perda de qualidade. No caso do papel existe um número limitado de vezes que pode ser reutilizado, já que as fibras que o mantêm comprimido se vão degradando. O plástico, sim, é um dos materiais com uma vida de reciclagem mais curta, sendo, por isso, importante repensar novas utilizações para este tipo de produtos. Reutilizar garrafas de plástico e transformá-las em floreiras ou optar por embalagens de vidro para conservar alimentos podem ser práticas a ter em consideração.
2. “Reciclar não tem um impacto global assim tão significativo”: Não gerir resíduos corretamente contribui para a contaminação dos oceanos, do solo e do ar e pode, ainda, gerar riscos para a saúde humana. Reciclar não só impacta positivamente o ambiente e a saúde pública, como ajuda na criação de empregos, na redução dos custos de tratamento do lixo e na diminuição da utilização de recursos naturais. Por exemplo, por cada tonelada de papel reciclado, é possível poupar entre 15 a 20 árvores. Além disso, é uma prática fácil de ter no dia-a-dia, pois não há que lavar recipientes sujos antes de reciclar e, ao contrário do que se pensa, mesmo as embalagens com restos de gordura e vestígios de comida – como as caixas de pizza – podem e devem ser colocadas no ecoponto.
3. “O lixo é todo misturado durante a recolha”: Os camiões de recolha do lixo para reciclagem têm vários compartimentos, cada um destinado a um material específico. Deste modo, um mesmo veículo pode transportar o lixo recolhido dos ecopontos do plástico, do vidro e do papel, estando todos estes materiais devidamente discriminados, por forma a, uma vez chegados ao centro de triagem, serem devidamente depositados em zonas de tratamento específicas. Optar por embalagens maiores facilita o processo de reciclagem já que se torna mais fácil diferenciar os seus materiais e separá-los.
4. “Os produtos feitos de material reciclado são de qualidade inferior”: Graças à evolução do conhecimento e da tecnologia, a criação de produtos a partir de material reciclado tem vindo a assistir a progressos significativos desde o seu início. Por parte dos consumidores, é essencial dar prioridade a produtos feitos de materiais reciclados, de forma a desencadear uma procura maior pelos mesmos, levando empresas e entidades a querer desenvolver mais produtos feitos com materiais reciclados em primazia a materiais virgens.
5. “Produtos feitos com mais do que um material não podem ser reciclados”: As máquinas de tratamento de lixo atualmente utilizadas permitem separar os diferentes materiais presentes num só objeto. Além disso, os fabricantes de todos os tipos de produtos estão cada vez mais focados em apostar na produção de materiais mais fáceis de reciclar. Quando existirem dúvidas em relação à reciclagem deste tipo de produtos, é simples: se não for possível separar os vários tipos de material, optar pelo ecoponto correspondente ao material predominante. O desodorizante de vidro, por exemplo, pode ir para o ecoponto verde mesmo tendo a bola roll-on de plástico.
A reciclagem é apenas uma dimensão das soluções para lidar com resíduos e com o desperdício. Reduzir, reutilizar e compostar são atos importantes que devem ser incorporados no dia-a-dia. A Goparity tem como principal missão a democratização do acesso ao financiamento sustentável, ligando empresas e indivíduos que querem investir em projetos com repercussões positivas nas pessoas e no planeta. Em 2022, angariou cerca de 10.4 milhões de euros provenientes de mais de 29 mil membros registados. Por sua vez, os projetos financiados com recurso à plataforma permitiram impactar positivamente cerca de 200.000 pessoas, criar quase 7.000 postos de trabalho e contribuir para evitar a emissão de 23,8 mil toneladas de emissões de CO2 para a atmosfera todos os anos.