Dia Mundial da Tartaruga Marinha: espécie sobreviveu à extinção dos dinossauros, mas pode não sobreviver à presença dos humanos
Este dia pretende alertar para a importância e necessidade de conservação desta espécie. Esta data assinala o nascimento do ecologista e investigador norte-americano Archie Carr (1909-1987), mundialmente reconhecido pela sua contribuição para a conservação das tartarugas marinhas.
Em Portugal, não existem registos de reprodução de tartarugas marinhas, embora possam ser encontradas 5 espécies em águas portuguesas, sobretudo nos Açores e Madeira.
Normalmente reproduzem-se em praias paradisíacas, de zonas temperadas ou tropicais, e são conhecidas por realizarem migrações muito extensas entre as suas zonas de reprodução e alimentação, que podem chegar aos vários milhares de quilómetros. As tartarugas marinhas, têm um ciclo de vida complexo, demorando até 50 anos a reproduzirem-se pela primeira vez.
OVOS FALSOS COM GPS
Há mais de 100 milhões de anos que as tartarugas marinhas navegam pelas águas do Planeta enfrentando vários predadores. Mas agora, o maior predador é o ser humano. Estas tartarugas enfrentam a extinção devido à grande procura pela sua carne e carapaças, tendo os seus ninhos destruídos e os seus preciosos ovos roubados.
Este apetite voraz dos humanos tem efeitos devastadores no mundo – e nas populações de tartarugas marinhas. A ideia brilhante que pode reverter o declínio populacional e salvar tartarugas marinhas bebés da extinção veio do cientista conservacionista Kim Williams-Guillén, e o ovo de ouro, neste caso, era um ovo “falso” impresso em 3D embutido com um transmissor GPS.
O InvestEGGator, como é chamado, parece um ovo de tartaruga marinha que se destina a enganar os caçadores ilegais que estão a vender os ovos como alimento na Costa Rica. Depois que o ovo falso foi apanhado pelos ladrões, tornou-se possível rastreá-los enquanto realizavam a sua rota de tráfego.
Utilizando um material plástico flexível chamado Ninjaflex para transformar o exterior como se fossem ovos reais, Williams-Guillén e os seus colegas utilizaram uma impressora 3D e o menor dispositivo de rastreamento GPS que puderam encontrar para tornar os ovos espiões possíveis.
De seguida, os investigadores colocaram um ovo em cada ninhada em quatro praias da Costa Rica. Foram deixados 101 ovos e 25 foram levados por ladrões. Por alguma razão os caçadores ilegais deitaram fora seis destes ovos, outros tantos acabaram por viajar mais de 130 quilómetros, indo parar a um supermercado.
Dessa forma, os investigadores puderam rastrear o ovo em cada etapa da cadeia de tráfego. Este fator é especialmente importante porque, com algumas em estado crítico, todas as sete espécies de tartarugas marinhas estão listadas como ameaçadas e os caçadores de ovos estão apenas a piorar o problema ao coletar os ovos para serem vendidos ilegalmente.
Com esta técnica, os hotspots locais de comércio vão sendo mapeados e, certamente, chegará o dia em que estas cadeias de tráfego serão completamente desmanteladas.