Dia Mundial do Animal: Zoo de Lisboa apresenta cria de órix-de-cimitarra, uma espécie ‘extinta na Natureza’ mas que mostra sinais de recuperação



Esta terça-feira, dia 4 de outubro, assinala-se o Dia Mundial do Animal, uma efeméride criada pelo escritor alemão Heinrich Zimmermann e pela primeira vez celebrada em 1925. Este ano, o Jardim Zoológico de Lisboa marca a data com a apresentação ao mundo de uma cria de órix-de-cimitarra, nascida nesse parque no passado dia 24 de agosto.

Os progenitores já residiam no Zoo de Lisboa “há alguns anos, tendo sido transferidos de outros zoos europeus no âmbito do programa de reprodução”, sendo que o progenitor chegou do Zoo de Le Pal, em França, em 2013, e a progenitora do Zoo de Berlim, em 2006.

No entanto, ainda não se sabe ao certo o sexo da nova cria de órix-de-cimitarra “uma vez que não há contacto com a mesma”, apontando o Zoo que “neste momento a única preocupação é que cresça e se desenvolva ao lado da progenitora, tal como faria no habitat natural”. Quanto ao que o futuro lhe reserva, se ficará em Lisboa ou se será transferida para outro zoo, “ainda não conseguimos avançar com uma previsão, porque vai depender da evolução do programa de conservação e das diretrizes do seu coordenador”.

Fonte: Jardim Zoológico de Lisboa

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) atribui a essa espécie, originária das zonas áridas e desérticas do Norte de África, o estatuto de ‘extinto na Natureza’, que carrega desde 2000, devido às ameaças da caça, da seca e da desertificação dos solos.

Contudo, o Zoo de Lisboa admite que, devido a programas de conservação e de reprodução “sob cuidado humano”, “atualmente já podemos observar animais no habitat natural”.

“A variabilidade genética é muito importante uma vez que confere uma maior diversidade de características aos indivíduos reintroduzidos o que em situações de alterações ambientais severas é determinante para a sobrevivência da espécie”, conta-nos o Zoo de Lisboa.

Sobre se haverá esperança de retirar o órix-de-cimitarra do estatuto de ‘extinto na Natureza’, os especialistas argumentam que “apesar de existirem animais no habitat natural, a reversão do estatuto de conservação é mais complexa, uma vez que só se considera que uma espécie está de volta ao habitat natural quando verificamos uma reprodução até à terceira geração de animais, ou seja, os animais reintroduzidos têm de se reproduzir, assim como os seus filhos, netos e bisnetos”.

Contudo, há sinais de esperança para esta espécie, considerando que o programa de conservação “tem tido sucesso”, reconhecendo o Zoo, ainda assim, que “é muito moroso”.

As maiores dificuldades na recuperação desta espécie estão relacionadas com a “alteração comportamental das populações locais, sem as quais os programas não seriam de todo possíveis”.

Fonte: Jardim Zoológico de Lisboa

“A caça dos animais está na base da sua sobrevivência, assim como a posse do gado que compete com os órix pela alimentação. Por isso, os programas têm de encontrar medidas a curto e longo prazo para suprir essas necessidades.”

O papel do Zoo de Lisboa na conservação do órix-de-cimitarra para pela promoção da reprodução destes animais, “formando manadas que estarão aptas para serem reintroduzidas em habitat natural, sempre que possível”.

“Por termos a espécie sob nosso cuidado, colaboramos também no campo da investigação para que se saiba cada vez mais sobre a espécie. Esse conhecimento é partilhado com os especialistas que trabalham no habitat natural para que possam inferir sobre as melhores medidas a levar a cabo. Ainda por termos a espécie no Zoo, sensibilizamos todos os que nos visitam para a importância de conservar os animais e os seus habitats”, aponta o zoológico português.

A sua atuação é apoiada pelo Fundo de Conservação, criado em 2005, que “permite reunir verbas para levar a cabo os programas de conservação, tanto no habitat natural como no Jardim Zoológico”. O fundo é financiado através da venda de bilhetes para visitar o zoo, mas também dos programas de apadrinhamento de animais e de patrocínios.

“Para além do financiamento dos projetos, temos um papel fundamental na reprodução de animais para a reintrodução na natureza, assim como na investigação para aquisição de dados que partilhamos com os projetos em habitat natural, importantes na altura de tomar decisões”, salienta o Jardim Zoológico de Lisboa.





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