Duas apoiantes do Climáximo detidas por responsabilizar a Navigator pela morte de sete pessoas nos incêndios
No dia de luto pelas vítimas dos incêndios em Portugal, duas apoiantes do coletivo por justiça climática Climáximo pintaram a fachada da sede da Navigator e bloquearam-na com os seus corpos, segurando cartazes onde se lia “Fogo posto por governo e empresas” e “O país arde. Temos de acordar”, apelando à manifestação popular deste domingo. Duas pessoas foram detidas, e uma foi identificada.
Em comunicado, o coletivo afirma que “enquanto os verdadeiros responsáveis pelos incêndios, a devastação e a crise climática saem impunes, as pessoas que não consentem e lutam pela vida são detidas.”
“As sete mortes desta semana não podem ser consideradas mero fruto da negligência. São o resultado direto de uma ofensiva coordenada entre o Estado, a indústria da celulose, e a indústria fóssil para transformar o interior do nosso país numa câmara de incineração.” afirma Alice Gato, estudante de 22 anos, uma das pessoas que esteve sentada em protesto em frente à sede da Navigator.
O coletivo afirma que “as empresas de celulose continuam a lucrar com a expansão do eucaliptal, destruição da floresta autóctone e a esconder as suas emissões de gases de efeito de estufa. No verão mais quente desde que há registo, os atuais planos dos governos e das empresas como a Navigator de aumentar as emissões de gases de efeito de estufa e de continuar a vender o interior do nosso país à indústria do papel são um crime violento. Estes incêndios são a crise climática a atingir Portugal em tempo real. Estas mortes têm culpados e esta destruição tem de ser parada.”
Mariana Rodrigues, trabalhadora de 29 anos e uma das participantes de protesto sublinha que “estamos em luto pelas 7 pessoas que morreram nos incêndios desta semana, e em luta para que o governo e a Navigator não continuem a matar. Este fogo foi posto pelos governos e empresas que provocaram a crise climática, mas não foram eles que combateram as chamas: foram as pessoas comuns, protegendo-se a si e às outras da destruição que não causaram. Temos de ser nós, as pessoas, a parar o colapso social e climático para o qual eles nos estão a encaminhar.”
O Climáximo apela a que “Pedrógão Grande não seja repetido” e indica que “a única forma de fazer isso é através da mobilização social e de pararmos de consentir com esta destruição que, ano após ano, se repete em Portugal”.
O coletivo convoca “todas as pessoas” para a manifestação “O País Arde, Temos de Acordar!” no domingo, 22 de Setembro, às 17h a ocorrer em várias localidades por Portugal incluindo Pedrógão Grande, Coimbra, Braga, Sertã, Lisboa, Torres Novas, Odemira, Vila Nova de Poiares, entre outras. Esta é uma manifestação contra “a catástrofe social, climática e política que representa um país permanentemente em risco de chamas”, sendo o ponto de encontro em Lisboa a Praça José Fontana.