E-commerce: Guerra e inflação estão a afetar exigência ambiental dos compradores portugueses?



O impacto ambiental das entregas de produtos comprados na Internet continua a ser uma das grandes preocupações dos portugueses, para os quais não importa apenas o que se compra, mas também como se compra. No entanto, parece que a exigência ambiental estará a diminuir, mas, ainda assim, mantém-se acima da média europeia.

Apresentado publicamente esta quinta-feira, o mais recente ‘Barómetro E-Shopper’, da distribuidora DPD, revela que, em 2022, 63% dos compradores portugueses regulares entendem que é importante que haja “alternativas de entrega mais amigas do ambiente” no que toca aos produtos que compram online. Isto é, entregas feitas em veículos elétricos, híbridos ou bicicleta ou entregas de vários produtos de uma só vez (ao invés de múltiplas entregas com uma maior pegada carbónica).

Apesar de estar acima da média europeia (60%), denota um decréscimo face aos 65% que se registaram em 2021.

Noutro indicador de análise, em 2022 68% dos comprados online portugueses disserem que seria mais provável optarem por um website, vendedor ou app que disponibilizem entregas ambientalmente responsáveis, face aos que não oferecem essa possibilidade. Contudo, uma vez mais, é uma descida comparativamente aos 70% que foram apurados no ‘Barómetro E-Shopper’ referente a 2021, ainda que acima da média europeia de 64%.

Em declarações à ‘Geen Savers’, Carla Pereira, Diretora de Marketing e Comunicação da DPD Portugal, explica que “perante o contexto de inflação, e consecutiva perda de poder de compra, verificámos que os consumidores portugueses se tornaram ainda mais sensíveis ao fator preço em comparação com outros países europeus”. Este tudo permitiu constatar que 70% dos portugueses que compram online consideram que o preço é, realmente, “um fator determinante na sua decisão de compra”.

Como tal, no ano passado, “os e-shoppers portugueses decidiram optar mais por artigos mais baratos, os quais não são forçosamente os mais “ecológicos”, conta-nos a responsável, embora argumente que esse é um “decréscimo residual” e que os portugueses continuam a valorizar “tanto as formas de entrega mais sustentáveis, como também os métodos de produção mais ecológicos dos artigos que compram”.

Nesta análise da DPD, ficou claro o crescimento da escolha por recolher as encomendas fora de casa. Ou seja, de acordo com os números que nos são apresentados no barómetro, em 2022, 24% das entregas de produtos comprados online foram feitas nesses moldes, com os compradores a optarem por lojas de proximidade ou ‘cacifos inteligentes’ como o ponto de recolha preferencial.

Carla Pereira observa que “recolher entregas em opções como as lojas de proximidade (rede Pickup) ou cacifos inteligentes (lockers) são hoje uma opção mais sustentável face à entrega ao domicílio, uma vez que reduzem o número de deslocações que o condutor tem de fazer para entregar diversas encomendas, concentrando-as todas no mesmo destino”.

A atestar que a exigência ambiental dos compradores online não estará mesmo em ‘recessão’, a análise mostra que a compra de artigos usados, ou em segunda mão, tem vindo a crescer, sendo que se estima que 47% dos ‘e-shoppers’ portugueses já compraram algum artigo deste segmento.

“Além de uma opção mais em conta, esta aposta na economia circular representa um caminho importante ao nível da sustentabilidade, uma vez que os consumidores passam a reaproveitar artigos que, na maior parte das vezes, têm potencial para uma segunda vida, apelando a um menor consumismo”, assevera Carla Pereira, sustentando que “a emergência destas tendências de consumo, apesar do contexto inflacionista, é a prova de que os e-shoppers portugueses mantêm a sua preocupação com o meio ambiente”.

Eletrificação e “transformar a oferta de serviços”: os dois caminhos para reduzir os impactos ambientais do setor das entregas

Em 2019, a transportadora DPD deu início ao processo de transformação da sua frota em Lisboa, cidade na qual as entregas já são feitas por 55 veículos elétricos. No ano passado, a estratégia foi alargada ao Porto, ao Seixal, à Guarda, a Évora, a Viseu, a Leiria, a Faro e ao Funchal, pelo que hoje a empresa conta com 127 veículos elétricos em todo os país, sendo que até ao final de 2023 é objetivo é chegar às 208, ou seja, 28% da frota total.

No que toca às emissões de gases com efeito de estufa, Carla Pereira avança que a eletrificação a frota automóvel permitiu reduções de 87% de dióxido de carbono e de 84% óxidos de azoto (NOx), que não só contribuem para o aquecimento do planeta, como, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), “podem ainda estar na origem da formação de ácido nítrico que compõe as chuvas ácidas, bem como da eutrofização dos cursos de água e dos lagos contribuindo para perdas de biodiversidade” e formar partículas da atmosfera que podem afetar a saúde humana.

Contas feitas, a DPD estima que a formação de uma frota de viaturas elétricas permitirá reduzir, só em Lisboa, as emissões de gases poluentes em 330 toneladas por ano.

“Por outro lado, importa inovar e transformar a oferta de serviços disponibilizados aos clientes, que devem acompanhar quer as metas de desenvolvimentos sustentável, como a evolução dos hábitos de consumo dos portugueses”, afirma a responsável de Marketing e Comunicação da DPD Portugal. “Nesse sentido, a nossa resposta passou pela criação das soluções Out-of-Home, que consistem em pontos de levantamento e entrega de encomendas, alternativos às entregas ao domicílio: a rede Pickup, que possibilita a redução da pegada ambiental das deslocações automóveis dos nossos Condutores”, acrescenta.





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