Eclipse lunar é utilizado para estudos sobre vida em outros planetas
Astrónomos da Nasa conseguiram detectar o ozónio da atmosfera terrestre a partir do reflexo da luz solar na Lua, durante o último eclipse lunar. A presença do ozónio é um indicativo da existência de vida em planetas, uma vez que, além de ser subproduto do oxigénio, o gás serve de escudo protetor para a atmosfera.
A constatação foi possível com a ajuda do telescópio Hubble, da Nasa (a agência espacial norte-americana), após ser posicionado entre os dois corpos celestes e fazer da Lua uma espécie de espelho para refletir a luz solar que tinha passado pela atmosfera da Terra.
Na Terra, a fotossíntese, ao longo de biliões de anos, é responsável pelos altos níveis de oxigénio e espessa camada de ozónio do nosso planeta. Esta é uma das razões pelas quais os cientistas pensam que o ozónio ou o oxigénio pode ser um sinal de vida em outros planetas. “Encontrar o ozónio é significativo porque é um subproduto fotoquímico do oxigénio molecular, que é um subproduto da vida”, explicou o investigador principal das observações do Hubble, Allison Youngblood – do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial em Boulder, Colorado (EUA).
Com a técnica utilizada, é possível identificar os componentes de uma atmosfera, quando ela “filtra” a luz solar que a atravessa. Com os novos telescópios que estão a ser construídos, maiores e com tecnologias ainda mais avançadas do que as utilizadas no Hubble, será possível identificar essas substâncias na atmosfera de exoplanetas (planetas ao redor de outras estrelas).
“Até agora, os astrónomos têm utilizado o Hubble para observar a atmosfera de planetas gigantes gasosos e superterras [planetas com várias vezes a massa da Terra] que transitam pelas suas estrelas. Mas os planetas do tamanho da Terra são objetos muito menores, e suas atmosferas são mais finas. Portanto, extrair estas assinaturas de exoplanetas do tamanho da Terra será muito mais difícil”, informou a Nasa.
Assim sendo, os investigadores precisarão de telescópios espaciais muito maiores do que o Hubble para coletar a fraca luz das estrelas que passa pela atmosfera destes pequenos planetas, quando passarem em frente ao sol de seu sistema.
Youngblood acrescenta que encontrar ozónio nos céus de um planeta extrassolar não garante que exista vida na superfície. “Seria preciso outras assinaturas espectrais além do ozónio para concluir que existia vida no planeta”, acrescentou.
De acordo com a Nasa, a variabilidade sazonal na assinatura do ozónio pode indicar a produção biológica sazonal de oxigénio, assim como faz com as estações de crescimento das plantas na Terra. Mas o ozónio também pode ser produzido sem a presença de vida quando o nitrogénio e o oxigénio são expostos à luz solar.
Para aumentar a confiança de que uma bioassinatura é realmente produzida pela vida, os astrónomos devem pesquisar combinações com outras bioassinaturas. “Os astrónomos também terão que levar em consideração o estágio de desenvolvimento do planeta ao olhar para estrelas mais jovens com planetas jovens. Se quisesse detectar oxigénio ou ozónio de um planeta semelhante ao da Terra primitiva, quando havia menos oxigénio em nossa atmosfera, as características espectrais da luz óptica e infravermelha não são fortes o suficiente “, acrescenta Giada Arney, do Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, Maryland (EUA).
* Com Agência Brasil