Economia Circular – O comboio que ninguém vai querer perder



A opinião de Andreia Morita, Mestre em Gestão – Finanças pela Universidade de Évora e Business Developer na HORA Comunicação

No Ano Europeu do Transporte Ferroviário, é importante que as empresas percebam que o comboio para a economia circular está prestes a sair, e esta é a derradeira oportunidade de o apanhar. Mais do que reciclagem ou agricultura sustentável, o conceito de circularidade aplicado à economia veio para ficar e será em breve o novo normal. As empresas que conseguirem “circularizar” agora serão as pioneiras nesta transição indiscutível. Mas atenção, Greenwashing não conta.

Ainda vista por muitos como uma nova forma de pensar o futuro, a Economia Circular é já uma noção adquirida pelos mais inovadores. Este conceito de economia permite conciliar o crescimento económico com a sustentabilidade do nosso planeta e a otimização da utilização de recursos.

Todo o lixo é um erro de design

Destacando o princípio de ciclos autossustentáveis, a Economia Circular assenta no conceito de Cradle to Cradle, um pensamento que mostra que a vida de um produto não deve ser apenas considerada ‘do berço ao túmulo’, mas sim como um ciclo onde o fim de vida de um produto é o início de vida de outro.

Através desta ótica, os produtos devem ser pensados e criados de forma a que o lixo gerado seja mínimo ou mesmo nulo – Zero Waste. Surgindo assim a necessidade de gerir o lixo produzido, seja ele doméstico, comercial ou eletrónico – uma das categorias de resíduos sólidos que tem registado um maior crescimento, o que demonstra algumas das possibilidades de ligação entre a economia circular e a digital, através das IOT.

A economia circular tem vindo a ganhar tração junto de líderes empresariais e governamentais. A imaginação destes é capturada pela oportunidade de dissociar gradualmente o crescimento económico dos recursos virgens, encorajar a inovação, aumentar o crescimento, e criar empregos mais robustos. Se fizermos a transição para uma economia circular, o impacto será sentido em toda a sociedade.” Ellen Macarthur Foundation

São já visíveis os gigantes que se estão a adaptar, como o caso da Google, com a criação do programa Google Circular, cujo objetivo é maximizar a reutilização de recursos em todas as operações, produtos e cadeias de suprimento, ou a BOSH, com o projeto de transformação de baterias em sensores ultra-sónicos, e mesmo a HP, que foi uma das grandes pioneiras a iniciar o programa Design para o Meio Ambiente, ainda em 1992.

Para os que ainda não se aventuraram, são muitos os apoios que as empresas podem já encontrar disponíveis em Portugal e na União Europeia para criar novos negócios, mais sustentáveis, ou transformar os existentes.

Desde o Vale Economia Circular, onde é possível a aquisição de serviços de consultoria por parte das empresas na criação e implementação de uma estratégia de Economia Circular, até ao apoio para a Inovação Produtiva, através da adoção de novos processos e métodos de fabrico, logística e distribuição e otimização dos já existentes, no sentido de enquadrá-los no conceito de Economia Circular, passando pela Qualificação para PME’s, que inclui intervenções para redução de resíduos, sua reutilização para novos produtos e das parcerias que envolvam a transação de resíduos e subprodutos e pelo financiamento de 1 bilhão de euros que a Comissão Europeia disponibilizou, através das Green Deal Calls, para projetos de pesquisa e inovação que respondam à crise climática e ajudem a proteger os ecossistemas e a biodiversidade únicos da Europa.

O futuro da Europa é verde
Com todos estes apoios e com objetivos bem estabelecidos pela Organização das Nações Unidades, através a criação dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (criados em 2015), e pela Comissão Europeia (cujo pacote legislativo da economia circular foi também criado em 2015), que pretende criar uma Europa Sustentável, onde se espera conseguir “ reduzir em pelo menos 55% as emissões de CO2 até 2030” e ser “o primeiro continente a atingir a neutralidade climática em 2050”, quais serão as empresas que vão apanhar este comboio e integrar a transformação circular?

 

 





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