Eleições/Madeira: Força Madeira defende reserva agrícola para proteger Vinho Madeira

A coligação Força Madeira (PTP/MPT/RIR) defendeu ontem a criação de uma zona de reserva agrícola nos socalcos de vinha do Estreito de Câmara de Lobos, para evitar que desapareça aquela paisagem “ex-libris” do Vinho Madeira, devido a “apetites imobiliários”.
“Estamos perante um dos ‘ex-libris’ da Região Autónoma da Madeira que são os socalcos, que são as vinhas. É aqui que se produz o melhor Vinho Madeira. Mas todo este território, toda esta paisagem que é característica, tradicional da nossa ilha, está sob ameaça pela pressão urbanística, com a questão das crescentes urbanizações que estão a ser feitas aqui, um pouco por todo a Câmara de Lobos, especialmente na zona do Estreito”, disse a cabeça de lista da coligação, Raquel Coelho.
A Força Madeira escolheu um dos pontos mais emblemáticos do concelho de Câmara de Lobos, o Miradouro do Pico da Torre, que tem como pano de fundo socalcos da ilha da Madeira, do Estreito de Câmara de Lobos, do famoso Vinho Madeira, para a iniciativa da campanha às eleições de 23 de março.
“A ideia da coligação Força Madeira é que a Madeira, devido à sua orografia, ao seu espaço curto, limitado”, tem de ser mais bem administrado e “têm de ser criadas zonas de reserva agrícola para precaver que estes locais estejam à mercê dos apetites imobiliários”, sustentou a candidata.
Raquel Coelho reforçou ser necessário “proteger a paisagem vinícola da Madeira, a produção do Vinho Madeira”, acrescentando: “Nós corremos o risco de, no futuro, fazermos o vinho Madeira com uvas que nem sequer são da Madeira, porque os melhores terrenos para a agricultura estão a ser vendidos para se plantarem blocos de apartamentos no meio de latadas de vinhas”.
A cabeça de lista indicou que a coligação tem duas propostas específicas nesta matéria, insistindo ser necessário “criar aqui uma zona de reserva agrícola, de realmente se proibir a construção nesta zona que é um ‘ex-libris’ do Vinho Madeira e (…) apoiar os agricultores, nomeadamente os que ainda praticam a agricultura tradicional e mantêm o Vinho Madeira vivo para o mundo”.
Na opinião de Raquel Coelho, esses produtores devem ser “apoiados, também para não serem alvo fácil dos apetites imobiliários que chegam junto das pessoas, compram os terrenos, e é mais compensatório para as pessoas vender do que produzir a agricultura e a vinha”.
“Nós já vemos blocos de apartamentos completamente desproporcionais, existe uma anarquia completa na organização do território e na área do urbanismo, muito por permissividade e eleitoralismo das câmaras municipais e é preciso travar” a situação “com medidas e legislação concretas”, declarou.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no dia 23, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega – que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) – e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).