Empresas portuguesas aceleram na sustentabilidade mas ainda estão longe da meta
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A sustentabilidade é uma prioridade estratégica para a grande maioria das empresas portuguesas, mas a sua implementação está ainda numa fase inicial e persistem barreiras.
A conclusão é do relatório “Jornada 2030: Maturidade em Sustentabilidade das Empresas em Portugal – Retrato Agregado 2021-2023”, produzido pelo BCSD Portugal. O documento apresenta a evolução de 143 das 245 empresas portuguesas signatárias da Carta de Princípios e Jornada 2030 do BCSD Portugal, em matéria de sustentabilidade, ao longo de 3 anos.
Ainda que se note uma evolução positiva na maturidade em sustentabilidade, o relatório salienta alguns desafios estruturais: a maioria das empresas ainda carece de estratégias robustas, nomeadamente, na definição de planos de ação concretos, no envolvimento da cadeia de valor e na implementação de sistemas eficazes de reporte e monitorização.
Sobre a maturidade das empresas em sustentabilidade, a maioria (75%) encontra-se nas fases iniciais da Jornada 2030 (Conhecer e Construir), com 9% na fase prévia de reconhecimento da importância do tema (Despertar). Nestas fases concentram-se especialmente micro, pequenas e médias empresas. As restantes – maioritariamente empresas de grande dimensão – estão em estágios mais maduros (Comunicar, Consolidar e Coliderar).
Relativamente à incorporação da sustentabilidade na cultura e estratégia empresariais, 96% das empresas reconhece a sustentabilidade como área estratégica, 91% tem a sua missão e visão alinhadas com os compromissos de sustentabilidade, e 75% desenvolve e monitoriza a sua estratégia de sustentabilidade.
Quanto à gestão e estruturas internas, 89% das empresas possuem equipas ou departamentos dedicados exclusivamente à gestão da sustentabilidade, sendo que 63% já nomearam um administrador responsável pela área.
A análise revela que as empresas estão a dar prioridade à descarbonização e economia circular, sendo que os resíduos e a água são os temas ambientais mais trabalhados. No pilar social, surgem a saúde, segurança e conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal como os temas em destaque. Na vertente de governança, a ética e a conformidade legal são os temas prioritários.
A implementação de estratégias sustentáveis ainda apresenta desafios: apesar de 85% das empresas já terem definido prioridades estratégicas, apenas 39% têm um plano de ação e monitorização. A análise mostra também que 49% das empresas avalia sistematicamente quais os temas ESG mais críticos para a sua estratégia e impacto.
Relativamente à comunicação de sustentabilidade, o aumento da preocupação com a transparência e o greenwashing poderá estar a gerar alterações na gestão da comunicação. Dessa forma, 66% das empresas produzem relatórios de sustentabilidade.
Ainda, 58% das empresas desenvolvem projetos de inovação sustentável, mas de forma incremental, através da melhoria de processos já existentes, em vez de mudanças disruptivas.
“O caminho para uma gestão sustentável mais madura exige um maior compromisso da liderança, melhor planeamento estratégico e implementação de ações concretas que efetivem a transformação sustentável do tecido empresarial português, rumo a uma economia sustentável e de baixo carbono”, refere Filipa Pantaleão, Secretária-Geral do BCSD Portugal.