Energia eólica no mar da Figueira da Foz pode criar mais de sete mil empregos
A concretização do projeto de energias eólicas no mar ao largo da Figueira da Foz por um fundo de investimento dinamarquês pode criar entre sete e oito mil postos de trabalho no período de construção.
Segundo Afonso César Machado, responsável pelo mercado português da Copenhagen Offshore Partners (COP), além daquele número de trabalhadores, que resulta de postos diretos, indiretos e induzidos, a manutenção da plataforma depois de construída vai absorver 800 postos de trabalho diretos.
O anúncio foi feito hoje à tarde, na Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, durante a assinatura do protocolo de cooperação para a promoção do aproveitamento do potencial de energia renovável ‘offshore’ com o município local e vários parceiros ligados ao setor das pescas e à investigação.
O fundo de investimento dinamarquês Copenhagen Infrastructure Partners (CIP), que agrega a COP, pretende investir oito mil milhões de euros num projeto de energias eólicas no mar ao largo da Figueira da Foz, com capacidade de produção de 2 Gigawatts, designado de Nortada.
O projeto será o primeiro parque eólico ‘offshore’ de grande escala em Portugal e está dependente da consulta pública da proposta do Governo, que cria cinco áreas de exploração de energias renováveis no mar, ao largo de Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines.
O período de audição pública começou no dia 20 de janeiro e termina em meados de março e destina-se a formulação de “sugestões e recolha de contributos” sobre a proposta preliminar das áreas espacializadas para o planeamento e operacionalização de centros eletroprodutores baseados em fontes de energias renováveis de origem ou localização oceânica.
A Figueira da Foz é proposta para a maior área de instalação de parques eólicos, com 1.237 quilómetros quadrados (km2) e potencial para até quatro gigawatts de capacidade, seguida por Viana do Castelo (663km2 e 2GW), Sines (499km2 e 1,5GW) e Ericeira e Sintra/Cascais (300 km2 e 1GW).
“Este setor, além da sua componente de descarbonização, de produção de energia elétrica e mesmo da sua componente industrial, representa grandes oportunidades noutros setores”, frisou Afonso César Machado.
O responsável pelo mercado português da COP considera que a “energia ‘offshore’ é uma oportunidade para a ciência e para a investigação e desenvolvimento nas mais diversas áreas e pode trazer as instituições do país para a vanguarda do setor”.
“É também uma oportunidade para as comunidades e economias locais, pois traz novas dinâmicas e toda uma nova fileira de atividades”, frisou Afonso César Machado, salientando que se trata também de “uma oportunidade para a atividade das pescas e das suas comunidades”.
“Temos grandes planos para Portugal. Identificámos esta área da costa portuguesa por possuir um enorme potencial de desenvolvimento da energia ‘offshore’ e para que a Figueira da Foz tenha um papel determinante no combate às alterações climáticas, mas também na descarbonização e na reindustrialização e na independência energética do país”, sublinhou.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz realçou que a colaboração do município com o fundo dinamarquês “salvaguarda no texto do seu protocolo o respeito pelos procedimentos legais em vigor para o que está em causa, que é muito importante para a região, município e país”.
Segundo Pedro Santana Lopes, é “ponto-chave” para a autarquia “o envolvimento das comunidades locais em todo este processo, nomeadamente na atividade piscatória, que é essencial na economia do país”.
O autarca garantiu ainda “cautela e respeito” pelo equilíbrio ambiental do projeto, de forma a não afetar a atividade piscatória.