Entrevista a María Angeles Toscano: “A sustentabilidade está integrada em todo o nosso modelo de negócio”



Em entrevista à Green Savers, María Angeles Toscano, diretora de corporate affairs na Royal Canin Ibérica, fala-nos um pouco sobre o caminho que a empresa está a fazer no quer diz respeito à sustentabilidade, assim como o papel da nova Fundação.

A Royal Canin defende que o mundo que quer amanhã é aquele em que o planeta é saudável, as pessoas e os animais de estimação prosperam e a sociedade é inclusiva. De que forma isso se transparece na vossa estratégia?

A Royal Canin faz parte do plano Sustainable in a Generation, da Mars, que visa contribuir para a saúde de gatos e cães, identificando e atuando simultaneamente sobre o impacto ambiental e social da empresa.

Para tal, desenvolvemos um modelo de negócio que procura operar de forma respeitosa em três áreas interligadas: os animais de estimação, o planeta e as pessoas.

No que diz respeito aos animais de estimação, por um lado, desenvolvemos soluções nutricionais específicas para gatos e cães de acordo com as suas necessidades e, por outro lado, sensibilizamos os proprietários para aspetos que são decisivos para a sua saúde e bem-estar, tais como a prevenção da obesidade e a necessidade de cuidados veterinários para gatos.

No que respeita ao planeta, o nosso modelo empresarial procura integrar a sustentabilidade ao longo de todo o processo com o objetivo de reduzir a nossa pegada ambiental: desde a obtenção de nutrientes sustentáveis, ao desenvolvimento de produtos e a sua distribuição final. Dois focos importantes para nós são alcançar uma pegada neutra em carbono e o compromisso com a economia circular.

Em relação às pessoas procuramos promover a inclusão e a diversidade entre os nossos associados, contribuindo, assim, para o seu desenvolvimento pessoal e o das comunidades em que operamos.

Na prática, de que forma estão a contribuir para um planeta mais sustentável? Que medidas já foram adotadas?

Em linha com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, ao desenvolver as nossas soluções nutricionais trabalhamos com uma filosofia científica baseada em nutrientes, que nos permite quantificar a pegada de carbono, hídrica e ecológica de 100% das nossas matérias-primas.

Esta abordagem significa que selecionamos os nossos ingredientes com base nos nutrientes que eles fornecem, tendo em conta também a sua digestibilidade, segurança, qualidade e a sua pegada ambiental. Esta abordagem baseada em nutrientes também nos permite formular os nossos alimentos utilizando fontes alternativas de nutrientes e com menor impacto no ambiente. Dois exemplos desta abordagem baseada em nutrientes são a utilização de subprodutos de alta qualidade e ácidos gordos Ómega-3 de fontes sustentáveis.

Esta abordagem inovadora permite-nos otimizar as nossas fórmulas do ponto de vista ambiental e social, assegurando ao mesmo tempo a qualidade e eficácia dos alimentos que produzimos. Através dela, promovemos a agricultura sustentável com um impacto positivo correspondente nas emissões de gases com efeito de estufa, a preservação da biodiversidade e das fontes de água, a prevenção da desflorestação e a aceleração das fontes de matéria-prima.

Que resultados foram já alcançados? 

No caso de subprodutos, que são ingredientes que não são normalmente utilizados na alimentação humana por várias razões (culturais, processos de produção, etc.) mas que são seguros, de alta qualidade e muito ricos nutricionalmente, evitamos o desperdício de ingredientes como o fígado e o coração, que são descartados na cadeia alimentar humana. Ambos são uma fonte de nutrientes sustentáveis e ingredientes muito valiosos e seguros na formulação de alimentos para animais de estimação.

No caso dos ácidos gordos Omega-3 EPA/DHA, um nutriente importante para processos como a formação de membranas celulares ou o desenvolvimento do sistema neurológico em gatos e cães, garantimos que provém da pesca sustentável, de acordo com as diretrizes da Mars. Além disso, incorporámos também uma fonte alternativa de abastecimento sob a forma de algas marinhas, que ajuda a reduzir a pressão sobre os ecossistemas marinhos.

Além disso, 100% da soja que usamos do Brasil é RTRS ou tem certificação ProTerra e 86% do papel celulose que usamos nas nossas embalagens secundárias provém de fontes recicladas, enquanto os restantes 14% provêm de florestas geridas de forma sustentável.

 

Lançaram recentemente a Fundação Royal Canin. Qual é a missão da Fundação e no que consiste o seu trabalho?

O objetivo da Royal Canin é tornar o mundo um lugar melhor para os animais de estimação, um objetivo realizado através da Royal Canin Foundation, que foi criada com o intuito de promover o papel positivo que os animais de estimação desempenham na saúde e bem-estar das pessoas.

O trabalho da Fundação centra-se na saúde e bem-estar dos cães de serviço, dos animais de estimação como apoio à saúde e dos animais de estimação como apoio à saúde mental das pessoas. Os projetos com que colabora e que recebem apoio financeiro são selecionados anualmente e, em 2021, foram apoiados 10 projetos de diferentes partes do mundo, em que se destacam, por exemplo, deteção da COVID-19 ou cancro, cães de assistência para apoiar crianças com Transtorno do Espectro do Autismo e cães de deteção de outras patologias.

Por outro lado, os Associados da Royal Canin são o coração da Fundação. Isto significa que todos na empresa têm a oportunidade de se envolver, propondo um projeto e votando naqueles que consideramos merecedores de apoio da Fundação.

 

Que importância tem a sustentabilidade para a Royal Canin?

A sustentabilidade está integrada em todo o nosso modelo de negócio, não é um compromisso isolado. Queremos funcionar da forma mais sustentável possível e de uma forma que respeite os animais de estimação, o planeta e as pessoas.

Quando se trata de produção, sabemos que é possível realizar processos de produção que reduzam a pressão sobre os recursos naturais e que utilizem eficientemente as fontes de energia. Operamos sob esta convicção e continuaremos a apostar na investigação para continuar a investir em fontes de nutrientes alternativas às convencionais que, embora garantindo a mesma segurança, qualidade e benefícios nutricionais dos nossos produtos, reduzem o nosso impacto no ambiente.

Estamos conscientes de que este é um grande desafio e um caminho que devemos continuar a construir todos os dias. É por isso que estabelecemos uma rota para alcançar o objetivo final de operar da forma mais sustentável possível e alcançar uma pegada neutra em carbono até 2025.

Queremos reduzir os resíduos e promover a circularidade através do nosso compromisso com a Fundação Ellen MacArthur e a nova economia do plástico até 2025: 100% das nossas embalagens devem ser recicláveis, compostáveis ou reutilizáveis; reduzir o plástico virgem em 25% e incluir até 30% de plástico reciclado nas nossas embalagens.

Continuaremos a trabalhar para reduzir ainda mais a nossa pegada ambiental através da utilização de subprodutos de alta qualidade e ricos em nutrientes, da redução da pegada ambiental das matérias-primas, da redução do impacto ambiental das nossas fábricas e da utilização de EPA/DHA de fontes 100% sustentáveis.

Os processos não são fáceis, mas temos a vontade e o compromisso de consegui-lo, por isso acreditamos que cada passo que estamos a dar tem um impacto positivo no ambiente.





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