Entrevista: “Este projeto visa restaurar e proteger os recifes de coral das ilhas Seychelles através de uma técnica científica inovadora de reprodução sexual assistida”

A Canon EMEA juntou-se à Nature Seychelles, uma organização sem fins lucrativos líder no Oceano Índico Ocidental, e ao Coral Spawning Lab (CSL), para liderar um projeto pioneiro que visa proteger os ecossistemas marinhos vitais das ilhas Seychelles. O objetivo é restaurar e preservar os recifes de coral contra as alterações climáticas, adotando um novo método de regeneração de corais na região.

“Este projeto visa restaurar e proteger os recifes de coral das ilhas Seychelles através de uma técnica científica inovadora de reprodução sexual assistida, conhecida como ‘coral matchmaking'”, diz Gema Escudero Samaniego, Director of Sustainability & Governance, Risk, and Compliance, Canon EMEA, em entrevista à Green Savers, sublinhando que este processo “reforça a diversidade genética dos corais e promove a sua adaptação a um cenário climático cada vez mais desafiante”.

1. Qual é a situação dos corais de superfície a nível global?

Os recifes de coral estão entre os ecossistemas mais ameaçados do planeta. Estão a sofrer uma degradação significativa devido à poluição, às alterações climáticas, ao desenvolvimento costeiro e à sobrepesca – o que tem um enorme impacto porque, apesar de ocuparem menos de 0.1% da superfície do oceano, sustentam mais de 25% da biodiversidade marinha, servindo como berçários e refúgios para milhares de espécies. Infelizmente, isto está a acontecer em todo o mundo, e as ilhas Seychelles não são exceção. Neste arquipélago, a Ilha Cousin é um exemplo claro desta vulnerabilidade, tendo sofrido dois grandes eventos de branqueamento de corais (em 1998 e 2016), ambos ligados ao fenómeno El Niño e ao aumento da temperatura dos oceanos. Em 1998, algumas regiões perderam até 90% da sua cobertura de recifes de coral e, em 2016, cerca de 50% dos corais foram destruídos em determinados locais. Para além dos eventos de branqueamento, fatores como a acidificação dos oceanos e as atividades humanas locais continuam a ameaçar os recifes, prejudicando a sua capacidade de regeneração natural. Assim, para enfrentar este desafio nas Seychelles, cientistas locais, em colaboração com o Coral Spawning Lab, estão a aplicar novos conhecimentos para regenerar os recifes da Ilha Cousin, utilizando corais mais resistentes às alterações climáticas e destacando a necessidade de esforços de restauração direcionados. Sem uma intervenção ativa e sustentada, estima-se que a maioria dos recifes de coral poderá desaparecer até 2050.

2. A conservação de corais está a beneficiar de avanços tecnológicos significativos. Que tecnologias são essas?

Nos últimos anos, vários avanços tecnológicos revolucionaram a conservação dos corais. Uma das principais áreas de progresso é a reprodução assistida, particularmente a técnica de fertilização sexual controlada – conhecida como “reprodução assistida de corais” – que permite a recolha, fertilização e cuidado de larvas de corais em ambiente laboratorial, aumentando a sua taxa de sobrevivência antes da reintrodução no oceano, uma vez que se tornam mais resistentes às alterações climáticas. Seguindo a filosofia Kyosei da Canon – “viver e trabalhar juntos para o bem comum” – e o nosso compromisso de utilizar a tecnologia e recursos para ajudar a enfrentar os desafios globais e construir um futuro sustentável, desempenhamos um papel central neste processo. Trabalhamos em conjunto com o Coral Spawning Lab, permitindo a captação de eventos de reprodução de corais a nível microscópico – anteriormente invisíveis –, e fornecendo insights novos e relevantes sobre o processo. Também apoiamos a ONG Nature Seychelles na construção de uma instalação de reprodução de corais, fornecendo tecnologia de imagem de última geração, utilizada para captar imagens detalhadas e o impacto da reprodução de corais e ecossistemas de recifes – especificamente, através de câmaras do sistema EOS R – como as EOS R5, EOS R6 Mark II e kits para criadores de conteúdo EOS R50 – combinadas com objetivas como a RF 100mm F2.8L MACRO IS USM, MP-E 65mm f/2.8 1-5x Macro e RF 24-105mm F4L IS USM. Para além disso, tecnologias como sensores remotos, modelagem de dados, IA e imagens de alta definição têm sido essenciais para monitorizar a saúde dos recifes, identificar áreas de intervenção prioritárias e avaliar o impacto das medidas adotadas. A nossa tecnologia de imagem profissional contribui para o avanço tecnológico e a sustentabilidade, apoiando tanto a investigação como os esforços de sensibilização pública.

3. A Canon EMEA juntou-se à Nature Seychelles e ao Coral Spawning Lab para conduzir um projeto que visa proteger os ecossistemas marinhos vitais e restaurar e preservar os recifes de coral nas ilhas Seychelles. Que projeto é esse?

Este projeto visa restaurar e proteger os recifes de coral das ilhas Seychelles através de uma técnica científica inovadora de reprodução sexual assistida, conhecida como “coral matchmaking”. Este processo reforça a diversidade genética dos corais e promove a sua adaptação a um cenário climático cada vez mais desafiante. A iniciativa baseia-se na recolha de gametas durante o fenómeno da desova – um evento natural, sincronizado e de curta duração – e na sua fertilização controlada em ambiente laboratorial. As larvas resultantes são cuidadosamente monitorizadas e desenvolvidas até estarem prontas para serem reintroduzidas nos recifes, contribuindo para a regeneração de populações mais resilientes. Para além do seu impacto científico, o projeto também tem uma componente educativa, visando aumentar a literacia ambiental sobre a importância dos corais – ecossistemas que são frequentemente ignorados, mas que são essenciais para o equilíbrio da vida marinha. Esta colaboração reúne a experiência do Coral Spawning Lab, especializado em reprodução de corais, e da ONG Nature Seychelles, que lidera os esforços de restauração dos recifes do arquipélago e está a construir e a operar uma instalação de reprodução de corais pioneira (que deverá estar operacional a partir de setembro de 2025). Através do nosso apoio, fornecemos tecnologia de imagem de última geração para documentar todo o processo – como mencionado anteriormente, tanto para fins científicos como de sensibilização do público.

4. De que forma é que a tecnologia da Canon está a ajudar os corais a encontrar um companheiro para um futuro duradouro, para apoiar a restauração dos nossos recifes vitais?

A nossa tecnologia de imagem está a transformar a forma como os cientistas observam e documentam a reprodução dos corais – ferramentas como a fotomicrografia e a fotogrametria permitem captar detalhes anteriormente inacessíveis, monitorizar e otimizar a reprodução controlada e selecionar as espécies mais resistentes para a regeneração dos recifes. Assim, o nosso apoio consiste principalmente em fornecer equipamentos de imagem avançados, adaptados a ambientes marinhos exigentes. Estes estão a ser utilizados por equipas no terreno para documentar com grande detalhe o processo de reprodução dos corais e o desenvolvimento das larvas em laboratório, permitindo a análise e documentação rigorosas que são essenciais para o sucesso do projeto. Ao tornar visível o que normalmente é invisível, como o processo microscópico de reprodução dos corais, também ajudamos a reforçar a consciência pública sobre a urgência de proteger os oceanos e a biodiversidade marinha.

5. Qual o futuro da imagem na proteção da biodiversidade?

Acreditamos que a imagem é – e continuará a ser – uma ferramenta poderosa na proteção da biodiversidade, pois a capacidade de contar histórias através de imagens é crucial para inspirar empatia, informar e mobilizar as pessoas a agir. Acreditamos que a imagem pode amplificar vozes, causas e projetos que, de outra forma, permaneceriam invisíveis. A campanha “World Unseen: Coral Matchmaking” é um exemplo claro da nossa visão: tornar visível o invisível, para que possa ser valorizado e preservado. Ao tornar acessível a beleza, a fragilidade e a importância de ecossistemas como os recifes de coral, ajudamos a criar uma ligação emocional, aumentamos a compreensão científica sobre o tema e fomentamos um desejo coletivo de proteger o nosso planeta.